Tarifas de Trump podem afetar 300 mil trabalhadores do açaí no Pará — entenda o impacto
Tarifas de Trump ameaçam 300 mil trabalhadores do açaí no Pará

Parece que o famoso "ouro roxo" do Pará está com os dias contados — pelo menos no mercado internacional. Um levantamento recente do Dieese jogou um balde de água fria nos produtores paraenses: as novas tarifas de importação propostas por Donald Trump podem deixar na mão cerca de 300 mil trabalhadores que dependem direta ou indiretamente da cadeia do açaí.

E olha que não é brincadeira. O Pará, sozinho, responde por mais de 90% da produção nacional dessa iguaria que conquistou o mundo. Só no ano passado, o estado embarcou para os EUA algo em torno de 40 mil toneladas — números que fariam qualquer economista sorrir. Até agora.

Efeito dominó na economia local

Quem vive no norte do país sabe: o açaí não é só um produto, é um estilo de vida. Desde o ribeirinho que colhe os frutos até o dono do barquinho que transporta as sacas, passando pelas pequenas indústrias de processamento — todos estão na mira desse terremoto comercial.

  • Cerca de 60 mil famílias dependem diretamente da produção
  • Outras 240 mil são impactadas indiretamente
  • Municípios como Igarapé-Miri podem ver sua economia definhar

"É como se alguém fechasse a torneira do nosso sustento", desabafa Raimundo Nonato, extrativista há 20 anos na região do Marajó. E ele não está exagerando — a conta não fecha quando os compradores americanos começarem a pagar 25% a mais pelo produto.

O outro lado da moeda

Enquanto isso, nos corredores do governo estadual, a palavra de ordem é "alternativas". Alguns especialistas sugerem diversificar os mercados — a Europa e a Ásia aparecem como possibilidades. Outros defendem investir pesado no mercado interno, que vem crescendo a passos largos.

Mas convenhamos: substituir o apetite americano não será tarefa fácil. Os EUA consomem quase 70% de todo o açaí exportado pelo Brasil. É como tentar encher um balde furado — você até consegue, mas vai gastar muita água no processo.

O que resta agora é torcer para que essa tempestade comercial passe rápido. Ou então, como dizem por lá, "amarrar as burras" e se preparar para tempos mais difíceis. Afinal, quando o assunto é economia global, o pequeno produtor sempre acaba levando a pior.