Seca no Agreste Pernambucano ameaça safra de inhame: produtores enfrentam prejuízos
Seca ameaça produção de inhame no Agreste PE

O que era pra ser um ano de colheita farta virou pesadelo no campo. No Agreste Pernambucano — aquela região que normalmente respira alívio quando chega o período das chuvas —, os produtores de inhame estão com a faca e o queijo na mão... só que sem o queijo. A seca castiga, e o que se vê são plantações murchando dia após dia.

"Nunca vi coisa igual", desabafa José Alves, agricultor de 62 anos que trabalha com inhame desde os tempos de seu avô. Suas mãos calejadas contam histórias de décadas na lavoura, mas nenhuma preparou ele para este cenário. Os pés de inhame, que deveriam estar viçosos nesta época, parecem "fantasmas verdes" no campo ressecado.

Números que assustam

Segundo levantamentos preliminares — e aqui a coisa fica feia —, a produção pode cair até 40% em algumas áreas. Quem planta inhame sabe: essa raiz é como criança mimada, exige água na medida certa. Pouca? Murcha. Demais? Apodrece. E o clima teimoso deste ano parece ter virado as costas para os agricultores.

  • Chuvas 60% abaixo da média histórica
  • Preços dos insumos subindo como foguete
  • Muitos produtores pensando em trocar de cultura

Não é exagero dizer que o inhame — aquele mesmo que vai parar no prato de milhares de brasileiros — está em risco. E olha que Pernambuco é o estado do inhame, responsável por boa parte do abastecimento nacional.

E agora, José?

Alguns agricultores mais experientes estão improvisando. "Tem que ser esperto como raposa", diz Dona Maria, 58 anos, enquanto mostra seu sistema caseiro de captação de água da chuva — quando ela resolve aparecer. Outros, menos pacientes, já falam em migrar para culturas mais resistentes.

Mas abandonar o inhame não é simples. São anos — às vezes gerações — de conhecimento acumulado. "É como largar um filho", compara um produtor emocionado, escondendo o rosto enrugado sob um chapéu de palha desgastado.

Enquanto isso, os termômetros não dão trégua e o céu teima em ficar azul — lindo para turista, desesperador para quem depende da terra. O que virá pela frente? Ninguém sabe ao certo. Mas uma coisa é clara: sem medidas urgentes, o famoso inhame pernambucano pode virar artigo de luxo.