Não é fácil ser apicultor no Piauí hoje em dia. Com as tarifas impostas pelo ex-presidente dos EUA, Donald Trump, o mel brasileiro — especialmente o produzido no Nordeste — enfrenta barreiras que parecem intransponíveis. Mas os produtores locais? Esses não se rendem.
"A gente tá se virando nos 30", conta João Batista, apicultor há 15 anos na região de Pedro II, conhecida como a "terra do mel". Ele, como muitos outros, está buscando mercados alternativos — e encontrando soluções que nem mesmo esperava.
O sabor amargo das tarifas
Desde que as taxas foram implementadas, as exportações caíram quase 40%. Um baque e tanto para um estado onde a apicultura movimenta comunidades inteiras. "É como se alguém tivesse fechado a torneira do nosso sustento", desabafa Maria dos Santos, presidente da Cooperativa de Apicultores do Piauí.
Mas se tem uma coisa que o piauiense sabe fazer é transformar limão em limonada — ou melhor, flor em mel. E foi exatamente isso que começaram a fazer:
- Mercado interno: Ampliaram a divulgação em feiras nacionais
- Inovação: Criaram linhas de produtos derivados, como balas e cosméticos
- Qualidade: Investiram em certificações para agregar valor
O doce gosto da resistência
Curiosamente, a crise trouxe oportunidades que antes passavam despercebidas. "Descobrimos que nosso mel tem características únicas pela flora local", explica o engenheiro agrônomo Raimundo Neto. "Agora estamos explorando isso."
Enquanto isso, na capital Teresina, lojas especializadas começaram a surgir — um movimento que antes era raro. "As pessoas estão descobrindo que temos um produto de excelência aqui mesmo", comemora a empresária Luísa Fernandes.
E o futuro? Bem, ninguém tem bola de cristal, mas uma coisa é certa: os apicultores do Piauí provaram que sabem voar mesmo quando o vento está contra. Resta saber se essa nova rota trará o mesmo sucesso que tinham antes — ou quem sabe, algo ainda melhor.
