O governo do estado do Pará anunciou uma prorrogação significativa no prazo para a implementação completa do programa de rastreamento individual do rebanho bovino. A medida, que visa garantir a origem sustentável da carne produzida na região amazônica, teve seu limite final estendido para o ano de 2030.
Novo Cronograma e Objetivos da Política
Originalmente, os produtores rurais paraenses tinham até o dia 31 de dezembro de 2024 para identificar todos os animais com chips e brincos eletrônicos. O novo decreto, assinado pelo governador Helder Barbalho (MDB), durante um Encontro Ruralista da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa), ampliou esse período em seis anos. A justificativa apresentada pelo governo estadual foi a necessidade de atender melhor às demandas do setor produtivo.
O programa exige a identificação de todos os bovinos e búfalos que sejam movimentados dentro do território paraense, independentemente do destino: abate, cria, recria, engorda, leilões ou exportação. Cada animal recebe um chip e um brinco de orelha com uma numeração individual única, funcionando como um "CPF do boi".
O Sistema de Rastreamento e a Pressão Internacional
O sistema permite monitorar a vida do animal desde o nascimento até o abate. O principal objetivo é verificar se o gado nasceu ou passou por propriedades com irregularidades ambientais, como desmatamento ilegal, ou envolvidas em situações de trabalho análogo à escravidão. Dessa forma, a política pública busca assegurar que a carne exportada tenha origem em áreas de produção regularizadas.
A decisão ocorreu menos de um mês após a COP 30, conferência do clima da ONU realizada em Belém, que debateu ações contra a crise climática. Como maior exportador mundial de carne bovina, o Brasil, e especialmente a Amazônia — que concentra o maior rebanho do país —, enfrenta pressões constantes do mercado internacional para comprovar que seu produto não está vinculado à devastação da floresta.
O Pará na Vanguarda da Pecuária Rastreada
Em setembro de 2024, o Pará se tornou o primeiro estado brasileiro a lançar uma política pública estadual de rastreamento completo do gado. O marco simbólico aconteceu na cidade de Xinguara, onde o governador Helder Barbalho pessoalmente colocou o brinco no primeiro animal oficialmente identificado, um boi batizado de "Pioneiro".
Projetos-piloto, como o implementado na fazenda do pecuarista Roberto Paulinelli, em Rio Maria, já testavam a tecnologia desde 2022. A extensão do prazo até 2030 dá um fôlego maior para que toda a cadeia produtiva do estado se adapte à nova realidade, que promete transformar a pecuária paraense em um modelo de sustentabilidade e transparência para o mundo.