Produtores rurais de Corumbataí, no interior de São Paulo, estão em alerta devido às condições críticas de uma ponte de madeira que dá acesso à cidade a partir da Rodovia Washington Luís (SP-310). A estrutura, que apresenta tábuas soltas, buracos e partes apodrecidas, principalmente na sua base, tem risco iminente de queda, segundo os moradores da região.
Estrutura compromete escoamento e acesso
A ponte é utilizada diariamente para o escoamento da produção agrícola e como via de acesso a diversas propriedades rurais. Apesar de carros de passeio ainda conseguirem transitar, o tráfego de veículos pesados está totalmente comprometido, o que gera um cenário de risco de acidentes e causa significativos prejuízos financeiros e operacionais aos produtores.
O agricultor Leonardo Inforzato relata a dificuldade logística que enfrenta. Toda vez que precisa receber ração, o caminhão é obrigado a parar antes da ponte. A carga então precisa ser transferida manualmente, em um trabalho extra e cansativo. "Não dá para deixar a ração lá porque o gado do vizinho acaba comendo. Compramos em grande quantidade para valer o frete, e ainda preciso contratar ajuda, porque só eu, minha mãe e minha tia não damos conta", desabafa.
Prejuízos vão além do transporte de insumos
Os problemas gerados pela ponte precária são diversos e afetam serviços essenciais. Em uma propriedade próxima, a perfuração de um poço artesiano está impossibilitada porque a máquina pesada não consegue chegar ao local. Com isso, os proprietários são forçados a transportar água da cidade para não ficarem desabastecidos.
Produtores de gado também enfrentam obstáculos, já que os caminhões boiadeiros não conseguem atravessar a estrutura com segurança para transportar os animais. Ricardo José Schmidt, presidente do Sindicato Rural de Rio Claro, reforça que a ponte é o único acesso às propriedades e não há rotas alternativas. "O que pedimos há quase um ano é uma ponte nova. Temos prejuízo no escoamento, na chegada de insumos, pessoas carregando água... O pessoal da prefeitura não resolve", afirma.
Prefeitura aponta dificuldade para encontrar madeira adequada
Em entrevista à EPTV, afiliada da TV Globo, o prefeito de Corumbataí, João Altarugio (PSD), reconheceu o problema, mas afirmou que a reforma da ponte só deve ser concluída em janeiro de 2026. Segundo ele, a prefeitura já foi ao local com uma equipe da Secretaria de Obras, mas a principal dificuldade está na escassez de matéria-prima.
O município possui muitas pontes de madeira que necessitam de vigas longas de um tipo específico de eucalipto. "Precisa de linhas de 14, 15 metros de comprimento de eucalipto vermelho, que tenha entre 50 e 60 anos. Isso está acabando, porque hoje cortam os eucaliptos mais novos", explicou o prefeito.
Altarugio informou que as toras já foram identificadas e cortadas em Analândia (SP) e devem ser transportadas por carreta em breve. Ele também destacou a falta de apoio financeiro para uma solução mais definitiva. "Temos a mão de obra, mas tem que ser esse tipo de ponte. Não temos ajuda nem do governo estadual, nem federal, para fazer uma ponte de concreto ou de ferro", concluiu.
Enquanto a promessa de reforma para 2026 não se concretiza, os produtores rurais de Corumbataí seguem enfrentando trabalho extra, custos adicionais e a insegurança de depender de uma estrutura que consideram condenada.