Soja de Mato Grosso Respira Aliviada: Moratória Acaba em 2026 e Setor Comemora
Moratória da Soja Acaba em 2026 em MT

Finalmente uma notícia que fez os produtores rurais de Mato Grosso soltarem aquele suspiro de alívio que estava preso na garganta há tempos. A moratória da soja, aquela velha conhecida — e bastante discutida — do setor, vai ser suspensa a partir do primeiro dia de 2026. Sim, você leu direito: 1° de janeiro de 2026.

Parece que o calendário virou aliado do campo. As entidades representativas do agro mato-grossense praticamente comemoram em uníssono. A Aprosoja-MT, sempre na linha de frente dessas discussões, já deixa claro que enxerga na decisão um reconhecimento importante. Um reconhecimento de que o produtor rural, afinal, sabe cuidar da terra que lhe dá sustento.

O Fim de Uma Era e o Começo de Outra

Instituída lá em 2006 — coisa de quase vinte anos! — a moratória basicamente impedia a comercialização de soja originária de áreas desmatadas no bioma Amazônia após julho de 2008. Funcionava como um grande acordo, uma espécie de pacto setorial. Agora, o que muda na prática? Tudo e nada, dependendo de como você olha.

O setor, é claro, vibra com a autonomia recuperada. Fernando Ferri, diretor de Sustentabilidade da Aprosoja-MT, não esconde o otimismo. Ele acredita, e com certa razão, que a produção de Mato Grosso já demonstrou maturidade suficiente para seguir as regras do Código Florestal Brasileiro sem precisar de um "guarda-chuva" extra. O estado, não é segredo para ninguém, é o maior produtor nacional de soja. Tem peso, tem responsabilidade.

E Agora, José?

A grande questão que fica no ar é: o que vem depois da moratória? O temor de um "efeito rebote", um descontrole no desmatamento, sempre paira como uma nuvem escura. Mas o pessoal do agro garante que não. A aposta é na transparência e na ciência.

Ferri joga luz sobre um ponto crucial: a Soja Tática. Trata-se de um sistema de due diligence, uma ferramenta sofisticada que basicamente rastreia a origem dos grãos. É como um RG da soja, que comprova se ela veio de área regular ou não. Uma inovação que, nas palavras dele, "supera em muito o monitoramento por satélite da moratória". Soa como um upgrade tecnológico e moral.

Não é só a Aprosoja que está nessa dança. A Famato (Federação da Agricultura e Pecuária de MT) e o Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária) também engrossam o coro. Eles veem a suspensão não como um salvo-conduto para desmatar, mas sim como um voto de confiança. Uma confiança que, diga-se de passagem, foi conquistada a duras penas.

O Outro Lado da Moeda

Claro, nem tudo são flores — na vida, nunca é. A moratória, vamos combinar, cumpriu um papel histórico em frear o desmatamento ligado à sojicultura na Amazônia. Os números estão aí para provar. Mas o tempo passa, as coisas evoluem. O que servia para 2006 pode não fazer o menor sentido quase duas décadas depois.

O bioma Cerrado, por exemplo, sempre foi a grande lacuna do acordo. Um ponto cego que gerava desconforto e inúmeras críticas. A suspensão geral, portanto, tira essa "muleta" e coloca todos os biomas sob o mesmo crivo: a rigorosa legislação ambiental brasileira. É igualar o jogo.

Parece que o setor entendeu que a sustentabilidade deixou de ser um discurso bonito para virar requisito de mercado. O mundo todo está de olho. E Mato Grosso, com sua produção colossal, não pode se dar ao luxo de manchar sua imagem. A reputação, hoje, vale mais que ouro.

O que se desenha no horizonte é um novo capítulo para o agronegócio brasileiro. Um capítulo escrito com mais autonomia, mas também com uma responsabilidade gigantesca nas costas. O desafio é provar que a produção e a conservação podem, sim, andar de mãos dadas. E 2026 está logo ali.