Fogo Devasta 24 Milhões em Cana: Produtor Rural Chora Prejuízo Catastrófico no Interior de SP
Fogo destrói 24 hectares de cana em Guaratinguetá

Era para ser mais um dia comum no campo, mas o que aconteceu na última segunda-feira deixou marcas profundas na vida do produtor rural José Carlos. Um incêndio de proporções assustadoras — desses que parecem saído de pesadelo — consumiu completamente 24 hectares de cana-de-açúcar na zona rural de Guaratinguetá, no interior paulista.

O prejuízo? Algo em torno de R$ 24 mil. Parece só um número, mas representa muito mais: são anos de trabalho indo literalmente fumaça acima. "É um baque muito forte", confessa o agricultor, com a voz embargada. "A gente planta, cuida, investe... e de repente, em poucas horas, tudo some."

O dia em que o fogo mudou tudo

Por volta das 15h30 da tarde de segunda, o que começou como uma fumaça distante se transformou num inferno real. As chamas avançavam rápido — muito rápido — impulsionadas pelo vento seco tão característico desse período do ano. Nem mesmo a umidade relativa do ar, que estava em torno de 20%, ajudou. Pelo contrário: criou o cenário perfeito para a tragédia.

Os bombeiros chegaram rápido, sim. Dois caminhões do Corpo de Bombeiros de Guaratinguetá correram para o local, mas enfrentaram aquela batalha quase impossível contra as chamas. O fogo simplesmente não dava trégua.

Além dos números: a história por trás da plantação

Aqui vai o que mais dói: aquela cana não era só cana. Representava meses de investimento em mudas, adubação, cuidado diário. José Carlos calcula que precisará de pelo menos mais R$ 12 mil só para replantar tudo — isso se as condições climáticas ajudarem, o que ninguém pode garantir.

E o pior? A suspeita de que a origem do fogo possa ter sido criminosa. "Tem muita gente que ainda acredita que queimar é a maneira mais fácil de 'limpar' o terreno", desabafa o produtor, com uma mistura de raiva e resignação. Uma prática arcaica que, infelizmente, ainda persiste no campo brasileiro.

Um alerta que ecoa por toda a região

O caso de José Carlos não é isolado. Longe disso. Só neste ano, o Vale do Paraíba já registrou vários focos de incêndio em áreas rurais. E setembro? Nossa, setembro foi particularmente cruel — o mês mais seco dos últimos tempos, transformando a vegetação numa verdadeira pólvora.

Os bombeiros locais já estão num ritmo de trabalho que beira o sobre-humano. Só em setembro, foram mais de 120 ocorrências de incêndio em vegetação na região. Um número que assusta qualquer um.

Enquanto isso, José Carlos segue tentando recuperar o fôlego. "A gente não pode desistir", reflete, enquanto olha para o que restou de sua plantação. "Mas é difícil não se questionar: vale mesmo a pena tanto esforço para ver tudo virar cinza?".

A resposta, ele mesmo sabe, virá com o tempo e a reconstrução. Mas a cicatriz — essa ficará para sempre.