Uma técnica científica de ponta está sendo a grande arma dos agricultores amapaenses contra uma praga devastadora que ameaça uma das culturas mais tradicionais do estado: a mandioca. O Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas (Iepa) iniciou um projeto de clonagem in vitro de mudas para enfrentar o fungo conhecido como vassoura-de-bruxa, que ataca os galhos e compromete seriamente o crescimento da planta.
Ameaça à cultura tradicional
A situação é considerada grave, pois a doença já se espalhou por 10 municípios do Amapá desde 2023, colocando em risco a segurança alimentar e a economia local que depende fortemente dessa raiz. O fungo causa deformações, reduz drasticamente o rendimento e pode levar à perda total da lavoura se não for controlado.
Diante desse cenário, o Iepa decidiu apostar em uma solução tecnológica, aliada à parceria direta com os produtores rurais. A pesquisa, que teve início em maio de 2025, foca justamente na clonagem em laboratório de variedades de mandioca já adaptadas às condições do estado.
Como funciona a técnica de clonagem
A clonagem in vitro permite recuperar plantas completamente livres da praga a partir de uma única matriz saudável. No ambiente controlado do laboratório, é possível multiplicar essa planta em centenas de mudas geneticamente idênticas, garantindo segurança sanitária e qualidade uniforme.
Os benefícios vão muito além do combate à vassoura-de-bruxa. A técnica desenvolvida pelo Iepa também fortalece o sistema radicular da mandioca, fazendo com que as raízes cresçam mais fortes e vigorosas. Isso se traduz em:
- Lavouras mais saudáveis e resistentes;
- Preservação da diversidade genética das variedades locais;
- Manutenção das características que os agricultores já conhecem e valorizam;
- Redução significativa das perdas na colheita.
Trata-se, portanto, de uma alternativa concreta e científica para conter o avanço da doença e garantir o futuro do cultivo no estado.
Resultados animadores no campo
O município de Cutias do Araguari foi escolhido como a primeira área para receber os experimentos de campo, por concentrar grandes extensões de produção de mandioca. A colaboração dos agricultores foi fundamental: eles cederam áreas para os testes e acompanharam de perto o desenvolvimento das plantas clonadas.
Os resultados, até o momento, superaram as expectativas. De acordo com relatos compilados pelo Iepa, alguns produtores que adotaram as mudas clonadas já estão colhendo índices impressionantes de produtividade, alcançando até 60 toneladas de mandioca por hectare.
Esse sucesso inicial anima tanto a equipe de pesquisadores quanto a comunidade agrícola, demonstrando que a união entre ciência e conhecimento tradicional pode ser a chave para resolver um dos maiores problemas fitossanitários da agricultura amapaense na atualidade.