Café brasileiro atinge valor histórico em leilão solidário
O mercado de cafés especiais brasileiros registrou um marco histórico durante o 13º Prêmio Região do Cerrado Mineiro, realizado em Uberlândia. Uma saca de café produzida por Eduardo Pinheiro Campos, da Fazenda Dona Nenem, localizada em Presidente Olegário, foi vendida pelo valor recorde de R$ 200 mil.
Detalhes do leilão e impacto social
O leilão solidário, organizado pela Federação dos Cafeicultores do Cerrado, arrecadou um total de R$ 562 mil com a venda de nove lotes das categorias vencedoras. A média por saca ficou em R$ 62,4 mil, demonstrando o alto valor agregado dos cafés premiados.
Um aspecto significativo do evento foi o destino social dos recursos. Cerca de 40% do valor total, equivalente a R$ 224,8 mil, será destinado ao projeto Escola de Atitude, iniciativa que promove formação cidadã para jovens em comunidades produtoras da região.
Vencedores e reconhecimento de qualidade
O café recordista foi produzido por Eduardo Pinheiro Campos e venceu na categoria Cereja Descascado. O lance vencedor foi feito por um consórcio formado por Expocacer, Veloso Green Coffee, Marex e Nucoffee.
O segundo maior valor do leilão, R$ 100 mil, foi oferecido pela Louis Dreyfus Company para adquirir o café campeão da categoria Natural, produzido pela Agropecuária São Gotardo Ltda.
Em declaração emocionada, Eduardo Campos destacou: "É uma honra e um orgulho enorme para nossa equipe alcançar esse resultado. Eles são quem realmente colocam a mão na massa. Nós apenas orientamos o caminho para chegar a esse nível de excelência".
Trajetória de sucesso e consistência
Eduardo Campos é o maior vencedor da história do prêmio, com uma trajetória marcada pela consistência. Ao longo das 13 edições do prêmio, sua produção esteve no pódio 11 vezes, demonstrando compromisso permanente com a qualidade.
A cerimônia reconheceu os melhores cafés da safra 2025/2026 nas categorias Natural, Cereja Descascado, Fermentado e Doce Cerrado Mineiro. Todos os cafés premiados receberam notas acima de 80 pontos, classificação que os coloca na categoria de cafés especiais.
Resultados por categoria
Categoria Cereja Descascado:
1º lugar: Eduardo Pinheiro Campos (Expocacer) - 90,59 pontos
2º lugar: Agropecuária São Gotardo Ltda (Coopadap) - 90 pontos
3º lugar: Maria Soraia Guimarães (Expocacer) - 89,18 pontos
Categoria Fermentado:
1º lugar: Carla Poliana da Silva Oliveira (Carmocer) - 90,52 pontos
2º lugar: Marcelo Assis Nogueira (Carmocer) - 89,82 pontos
3º lugar: Edson Luiz Ignácio (Carpec) - 89,77 pontos
Categoria Natural:
1º lugar: Agropecuária São Gotardo Ltda (Coopadap) - 90,41 pontos
2º lugar: Fernando Seiti Nishikawa (Coopadap) - 90 pontos
3º lugar: Gustavo Andrade Alvarenga (GRE Café Região de Araxá) - 89,41 pontos
Categoria Doce Cerrado Mineiro:
Vários produtores compartilharam o primeiro lugar, incluindo Maristela de Souza Teixeira Silva (Carmocer), Livian Cristina Rodrigues Carneiro (MonteCCer) e Agropecuária São Gotardo Ltda (Coopadap).
Importância da Região do Cerrado Mineiro
O Cerrado Mineiro consolida sua posição como referência na produção de cafés especiais no Brasil. A região foi a primeira Denominação de Origem (DO) para café reconhecida no país, abrangendo 55 municípios com aproximadamente 250 mil hectares cultivados.
Juliano Tarabal, diretor executivo da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, ressaltou: "Celebrar o recorde nacional deste leilão justamente no ano em que completamos 20 anos como Indicação Geográfica reforça a força da nossa Região. Isso é resultado de uma construção coletiva".
A região produz cerca de 6 milhões de sacas por safra, representando 25,4% da produção mineira e 12,7% da produção nacional, reunindo 4,5 mil produtores certificados e sendo referência global em rastreabilidade, governança e sustentabilidade.