
O campo brasileiro vive um momento de tensão que poucos esperavam. As exportações de milho, que prometiam aquecer os cofres do agronegócio, simplesmente não decolaram como o previsto. E agora, com a nova safra batendo à porta, o mercado se vê diante de um quebra-cabeças complexo.
Os números são eloqüentes - e preocupantes. Dá até uma sensação de déjà vu, como se estivéssemos repetindo erros do passado. A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) revisou suas projeções para baixo, e a queda foi significativa. Em vez dos mais de 5 milhões de toneladas que se esperava embarcar em setembro, mal chegamos a 4,5 milhões.
O que está por trás desse tombo?
Bom, a situação é mais complicada do que parece. O mercado internacional anda meio capenga, com a China – aquela famosa parceira comercial – dando sinais contraditórios. E não para por aí. Os custos de frete marítimo subiram de forma assustadora, com a guerra no Oriente Médio criando um efeito dominó que ninguém antecipou direito.
Para piorar, os produtores rurais estão entre a cruz e a espada. Com os preços internacionais em baixa e o dólar fazendo piruetas, muitos preferiram segurar o milho na esperança de melhores condições. Só que a estratégia pode ter saído pela culatra.
E a nova safra aí?
Pois é, justo quando a situação já estava complicada, começa a chegar a nova produção dos campos. A segunda safra de milho – a famosa "safrinha" – está chegando aos armazéns, aumentando a oferta interna num momento em que os silos ainda estão cheios.
É como ter dois almoços servidos ao mesmo tempo, mas com menos convidados à mesa. A pressão sobre os preços domésticos é quase inevitável. Especialistas do setor já falam em possíveis ajustes nos valores praticados aqui dentro.
O que me preocupa, francamente, é o efeito cascata disso tudo. Os produtores que contavam com receita robusta das exportações podem ver seus planos irem por água abaixo. E isso num ano que já começou cheio de incertezas climáticas e econômicas.
E agora, José?
O mercado precisa se reinventar – e rápido. Alguns analistas sugerem que o Brasil poderia explorar melhor outros mercados, como países do Oriente Médio e África. Outros defendem que é hora de fortalecer a indústria interna de processamento, transformando o milho em produtos com maior valor agregado.
Uma coisa é certa: o agronegócio brasileiro já enfrentou crises piores e sempre soube se reinventar. Desta vez não será diferente, mas o caminho promete ser cheio de aprendizados.
Enquanto isso, nos armazéns e portos, a espera continua. O milho aguarda compradores, os produtores aguardam melhores preços, e o mercado... bem, o mercado aguarda um sinal de que as coisas vão melhorar. Torcemos para que esse sinal chegue logo.