EUA retiram tarifas de 40% sobre produtos agrícolas do Brasil
EUA retiram tarifas sobre agro brasileiro

Os Estados Unidos anunciaram na última quinta-feira, 21 de novembro de 2025, a retirada de tarifas de 40% que incidiam sobre diversos produtos brasileiros, com destaque para itens do setor agrícola. Esta decisão demonstra a força internacional do agronegócio do Brasil, conforme análise do especialista Marcos Jank.

O 'soft power' brasileiro no controle da inflação americana

Durante o Fórum VEJA Agro, realizado nesta segunda-feira, 24 de novembro em São Paulo, o professor do Insper explicou que as tarifas foram reduzidas porque impactaram diretamente os preços nos Estados Unidos. "O Brasil tem uma espécie de 'soft power' no controle da inflação nos Estados Unidos", afirmou Jank, destacando a influência indireta do país na economia americana.

O especialista, que estuda tarifas há aproximadamente quatro décadas, ressaltou que os efeitos das medidas protecionistas de Donald Trump foram mais modestos para o Brasil do que o inicialmente previsto. "No fundo, o feitiço se virou contra o feiticeiro", analisou, referindo-se ao fato de que produtores e consumidores americanos foram os mais prejudicados pela política tarifária.

Nova geopolítica mundial e o papel do Brasil

Jank enfatizou que o momento atual representa uma ruptura com a ordem estabelecida após as grandes guerras do século XX. Instituições multilaterais como a Organização Mundial do Comércio (OMC) "já não servem mais para muita coisa", segundo sua avaliação.

O cenário descrito pelo especialista é de alta volatilidade, com Trump inaugurando relações comerciais baseadas em "leis da selva" e um mundo caminhando para a bipolaridade com a ascensão da China. Neste contexto, as implicações negativas do tarifaço não podem ser menosprezadas, pois aumentaram a incerteza sobre o futuro da geopolítica mundial.

Estratégias para o futuro

Para navegar neste ambiente complexo, Jank defende que o Brasil deve diversificar seus parceiros comerciais e adotar uma visão de longo prazo. "O Brasil tem dificuldade de sair do tempo de um governo e olhar 20, 30 ou 40 anos a frente, como os chineses fazem muito bem", comparou.

Gustavo Junqueira, ex-secretário de agricultura de São Paulo que também participou do evento, complementou que o governo federal tem papel crucial em coordenar o desenvolvimento do setor. "Se não vamos ficar muito atrás de Europa e China, onde o governo é mais organizado", alertou, destacando a necessidade de planejamento estratégico para manter a competitividade internacional do agronegócio brasileiro.