
Eis uma reviravolta que pode mexer com o prato — e o bolso — de muita gente. O secretário de Comércio dos Estados Unidos soltou uma bomba nesta segunda-feira: está estudando cortar totalmente as taxas de importação para alimentos que os americanos não produzem em casa. Não é brincadeira.
"Quando você depende do outro para colocar comida na mesa, faz sentido facilitar esse caminho", disse o secretário, num daqueles momentos raros em que a burocracia soa quase humana. A medida, se concretizada, pode abrir portas — ou fechar, dependendo do ângulo — para países exportadores como o Brasil.
O que está em jogo?
Pense num jogo de xadrez onde cada peça é um saco de soja ou uma caixa de laranja. De um lado, os EUA querem baratear produtos que não têm como cultivar (café, cacau, algumas frutas tropicais). Do outro, produtores locais torcem o nariz — afinal, concorrência é sempre espinhosa.
Para nós, brasileiros, a jogada tem gosto misto:
- Boa notícia: Produtos como café e suco de laranja podem ganhar espaço extra no mercado americano
- Pé atrás: Setores que competem com subsidiados produtores dos EUA (como lácteos) podem sofrer
- Xeque-mate: Tudo depende das regras do jogo — e Washington é mestre em mudá-las no meio da partida
Numa tacada só, os americanos podem estar matando dois coelhos: aliviar a inflação interna (que dói no eleitorado) e reforçar laços com parceiros comerciais estratégicos. Esperto, não?
E o Brasil nessa história?
Nosso agronegócio, que já manda 30% do que produz para fora, fica de olho. "Toda redução de barreiras é bem-vinda", diz um exportador de café de Minas, enquanto ajusta os óculos para ler as letras miúdas. Mas especialistas alertam: "Cuidado com o entusiasmo".
Afinal, política comercial americana é como temporada de furacões — muda rápido e sem aviso. A proposta ainda precisa passar pelo Congresso, onde lobistas agrícolas têm peso de trator. E tem outro detalhe: em ano eleitoral (2024 lá, lembra?), promessas comerciais podem ser só... bem, promessas.
Enquanto isso, nos portos brasileiros, o movimento segue intenso. Containers cheios de commodities alimentícias continuam embarcando rumo ao Norte. Com ou sem taxas, o apetite americano por nossos produtos parece longe de saciar. Resta saber a que preço.