Alerta no Campo: Arroz Vendido a Preço de Custo Ameaça Produtores Brasileiros
Arroz vendido abaixo do custo preocupa produtores

A realidade nas lavouras de arroz do Brasil está longe de ser um mar de rosas. Enquanto os consumidores comemoram preços mais baixos nos supermercados, do outro lado da cerca os produtores enfrentam uma tempestade perfeita. A matemática é cruel: o que se recebe pela saca não cobre nem de longe o que se gastou para plantar.

Imagina só — você trabalha meses a fio, investe em insumos, maquinário, mão de obra, e no final das contas o produto do seu suor é vendido por menos do que custou para produzir. É como comprar um carro zero e ter que vendê-lo como usado por metade do preço. Não faz o menor sentido, mas é exatamente isso que está acontecendo com nossos arrozeiros.

O descompasso que preocupa

Os números não mentem. Dá até frio na espinha quando se para para calcular a diferença entre o custo de produção e o preço de mercado. E o pior? Essa não é uma realidade nova — vem se arrastando há tempos, corroendo a rentabilidade do setor e, pasmem, afastando novos investimentos.

Quem planta arroz hoje basicamente está bancando o alimento barato do consumidor com o próprio prejuízo. Uma espécie de subsídio involuntário que sai direto do bolso do produtor.

Efeito dominó na economia

O que muita gente não percebe é que essa crise específica tem pernas mais longas do que se imagina. Quando um produtor deixa de lucrar — ou pior, opera no vermelho — a conta acaba chegando para todo mundo. Menos investimento em tecnologia, redução na contratação de mão de obra, e no extremo, abandono da atividade.

Daqui a pouco a gente pode estar importando arroz — ironia das grandes, considerando que o Brasil tem terras e clima de sobra para ser autossuficiente.

Algumas regiões tradicionais no cultivo do cereal já sentem o baque com mais força. O Rio Grande do Sul, maior produtor nacional, vive um paradoxo: colhe recordes de produtividade enquanto os produtores contam os prejuízos no caderninho.

E agora, José?

A pergunta que não quer calar: até quando essa situação insustentável vai persistir? Especialistas do setor alertam que sem um reequilíbrio urgente nos preços, podemos ter uma redução significativa na área plantada na próxima safra.

E quando a oferta diminuir — adivinhem só — os preços vão disparar nas gôndolas. Aí sim, todo mundo perde: produtores, comerciantes e, principalmente, os consumidores finais.

Enquanto isso, nos armazéns e silos pelo país, o arroz colhido aguarda um milagre de preços que permita aos agricultores pelo menos empatar as despesas. Uma espera angustiante que testa a resistência de quem escolheu alimentar o Brasil.