
Não é novidade para quem vive no Rio, mas agora os números confirmam: o estado está afundando literalmente — e não só por causa da geografia. Um levantamento inédito coloca o RJ entre os lanterninhas do saneamento básico no país. Vergonhoso? Sem dúvida. Surpreendente? Nem um pouco.
Os números que ninguém quer ver
Enquanto estados como São Paulo e Minas Gerais avançam a passos largos, o Rio patina na lama de seus próprios problemas. Só 65% da população tem acesso a esgoto tratado — um índice que beira o medieval em pleno 2025. E olha que isso é a média estadual: em regiões como Baixada Fluminense, a situação é ainda mais dramática.
"É como enxugar gelo", diz o engenheiro sanitarista Carlos Menezes, que trabalha no setor há 20 anos. "Todo ano prometem obras, mas quando chove, os córregos continuam cheios de... bem, você sabe."
O preço do descaso
- Doenças relacionadas à falta de saneamento consomem 30% dos leitos hospitalares
- Cada R$1 investido em saneamento economiza R$4 em saúde pública
- Valorização imobiliária cai até 18% em áreas sem infraestrutura
E tem mais: enquanto o Brasil avança (aos trancos e barrancos) para cumprir as metas do Plano Nacional de Saneamento, o Rio parece estar indo na contramão. No ranking geral, caiu três posições desde o último levantamento. Um verdadeiro tiro no pé — ou melhor, no córrego.
De quem é a culpa?
Aí é que está o pulo do gato. Todo mundo joga a batata quente: o governo estadual culpa os municípios, os prefeitos reclamam da falta de verba federal, e a população... bem, a população continua nadando em esgoto.
"Tem obra parada desde 2018", conta Dona Maria, moradora de São João de Meriti. "Quando vem fiscal, eles pintam os canos de novo e tiram foto. Depois volta tudo igual."
Enquanto isso, nas áreas nobres da Zona Sul, o cenário é outro. Quase 100% de cobertura, água de qualidade e esgoto tratado. Dois Brasis dentro de um mesmo estado — ou seria dois Rios dentro de uma mesma cidade?
Uma coisa é certa: sem um choque de gestão (e de realidade), o Rio pode continuar afundando nesse ranking. E dessa vez, não vai ser só na maré alta.