
Quem passa pelo Porto de Santos hoje mal imagina a revolução silenciosa que acontece debaixo d'água. Enquanto os guindastes continuam seu ballet mecânico de sempre, uma megaoperação está transformando o leito do canal de navegação - e promete colocar o complexo portuário em outro patamar.
O pulo do gato? A dragagem que vai aprofundar o canal principal para 17 metros. Parece pouco, mas essa diferença é o que separa o Santos atual do Santos do futuro - aquele capaz de receber os verdadeiros gigantes dos mares sem precisar do famoso "jeitinho brasileiro".
Números que impressionam
Olha só o que está rolando:
- 14,5 milhões de m³ de sedimentos sendo removidos (dá para encher uns 5.800 piscinas olímpicas, se é que alguém consegue visualizar isso)
- Investimento de R$ 1,6 bilhão - dinheiro que, convenhamos, não cai do céu
- Previsão de conclusão para 2026, mas já dá para ver a diferença em alguns trechos
E não é só cavar mais fundo e torcer para não dar errado. A obra tem um timing perfeito - ou pelo menos é o que esperam os especialistas. Com o aumento do tamanho dos navios cargueiros mundo afora, o Santos estava ficando meio "apertadinho" para essas modernidades.
Efeito dominó na economia
Quem acha que isso é papo só para engenheiro naval está redondamente enganado. O comerciante do centro, o caminhoneiro que faz o trecho Santos-Campinas, até o dono do boteco da esquina vão sentir no bolso - para melhor, claro.
Com navios maiores atracando direto aqui:
- Cai o custo do frete (e quem paga é sempre o consumidor final)
- Aumenta a competitividade dos produtos brasileiros lá fora
- Gera uma enxurrada de empregos indiretos
"É como trocar uma estrada de terra por uma rodovia duplicada", compara um veterano do setor portuário, que prefere não se identificar. Ele tem um ponto: a diferença na capacidade vai ser brutal.
Desafios pela frente
Nada é tão simples quanto parece, né? A ampliação traz alguns "poréns" que precisam ser resolvidos:
- Acesso terrestre - de nada adianta o navio chegar rápido se a carga fica parada no pátio
- Modernização dos terminais (alguns ainda vivem nos anos 90)
- Questões ambientais - dragagem nunca é brincadeira quando o assunto é ecossistema marinho
Mas, convenhamos, são problemas bons de se ter. Melhor discutir como escoar tanta mercadoria do que ficar chorando as pitangas porque os navios modernos nem cogitam passar por aqui.
Enquanto as obras avançam, uma coisa é certa: o Porto de Santos está escrevendo mais um capítulo importante na sua história centenária. E dessa vez, literalmente, cavando fundo para garantir seu lugar no futuro.