Eis que o Palácio do Planalto resolveu dar um chega pra lá nas artimanhas de quem vive de burlar o sistema. Nesta terça (23), o presidente Lula assinou um decreto que vai colocar a biometria facial no centro do palco quando o assunto é controle de benefícios sociais.
Não é papo furado — a partir de agora, quem quiser receber Bolsa Família, BPC e outros programas vai precisar encarar a câmera. O governo garante que a medida, que entra em vigor em três meses, vai "cortar pela raiz" as fraudes que sangram os cofres públicos.
Como vai funcionar na prática?
Imagine a cena: você chega no CRAS ou na agência da Caixa, e em vez daquela papelada toda, um simples olhar para a tela do celular ou computador confirma sua identidade. Tecnologia de reconhecimento facial de última geração, dizem eles — capaz até de diferenciar gêmeos idênticos (coisa que nem mãe consegue às vezes).
- Primeira fase: Cadastro biométrico obrigatório para novos beneficiários
- Segunda etapa: Migração gradual dos 36 milhões de usuários atuais
- Ponto crítico: Integração com bancos de dados de óbitos e prisões
O ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, soltou o verbo: "Tem gente recebendo em nome de avô que morreu há dez anos. Isso acaba agora." Mas será mesmo? Especialistas em tecnologia ouvidos pela reportagem levantam dúvidas sobre a infraestrutura em municípios pequenos — onde internet ruim ainda é regra.
E os dados pessoais?
Aqui entra o calo. Com o histórico recente de vazamentos no governo, muita gente tá de orelha em pé. O decreto promete "blindagem máxima", mas não detalha como. Só diz que as imagens faciais serão criptografadas e armazenadas no Serpro — aquele datacenter que já foi alvo de hackers russos ano passado.
No meio de tanta discussão técnica, uma senhora de 62 anos no Gama (DF) resumiu a questão: "Prefiro mostrar meu rosto do que ficar três horas na fila com documento falsificado do meu lado." Eis aí um ponto que nem o melhor algoritmo consegue contestar.
