
O cenário mudou completamente na orla de Lucena nesta terça-feira. As máquinas chegaram cedo, trazendo aquele barulho característico que anuncia transformação. E transformação foi o que aconteceu — daquelas que deixam marcas.
Paredes que teimavam em desafiar a legislação caíram. Estruturas que ocupavam indevidamente a faixa de areia foram reduzidas a entulho. A prefeitura municipal, aliás, não estava para brincadeira: a operação retirou nada menos que oito estabelecimentos comerciais que funcionavam de forma irregular na praia.
Área de preservação sendo resgatada
O que pouca gente sabe — ou finge não saber — é que aquela região toda é considerada Área de Preservação Permanente. Sim, aquela faixa de 33 metros a partir da linha da preamar média. A lei é clara como água de coco, mas parece que alguns preferiam fazer vista grossa.
Os fiscais ambientais trabalharam com uma determinação que dava gosto de ver. Eles não estavam ali apenas para cumprir tabela — estavam resgatando um patrimônio que pertence a todos nós. As construções irregulares, que avançavam sobre a restinga, foram sendo desmontadas uma a uma.
E olha, não foi pouco: galpões inteiros, estruturas de concreto, áreas de circulação — tudo que não deveria estar ali foi abaixo. A operação contou com apoio da Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema), mostrando que quando os órgãos trabalham juntos, o resultado aparece.
O que diz a prefeitura
O secretário de Meio Ambiente de Lucena, em entrevista, foi direto ao ponto: "Essa ação era mais do que necessária. Estamos falando de proteger nosso ecossistema costeiro, nossa orla, nosso cartão-postal". A fala dele ecoa um sentimento que muitos moradores antigos compartilham — a necessidade de preservar o que ainda resta da beleza natural da região.
E tem mais: a prefeitura já avisou que essa foi apenas a primeira etapa. A intenção é continuar monitorando a área para evitar novas ocupações irregulares. Parece que a mensagem finalmente está chegando — a orla não é terreno de ninguém, é patrimônio de todos.
Enquanto as máquinas trabalhavam, alguns curiosos paravam para observar. Uns aplaudiam, outros apenas balançavam a cabeça. Uma senhora, moradora há mais de 40 anos na cidade, comentou: "Já estava na hora de limparem isso aqui. A praia estava ficando feia, cheia de construções onde não devia".
Agora, o desafio é manter a área livre. A prefeitura promete fiscalização constante — tomara que cumpram. Porque, convenhamos, de nada adianta derrubar hoje se amanhã aparece outra construção no mesmo lugar.
O sol se põe sobre uma orla diferente em Lucena. Mais vazia, é verdade, mas também mais próxima do que deveria ser. Resta saber se essa nova paisagem vai permanecer — ou se será apenas mais um capítulo na eterna luta entre o progresso desordenado e a preservação ambiental.