
Salvador está prestes a virar a página de um capítulo importante de sua história educacional. O governo baiano acaba de anunciar — com certo suspense — o leilão do terreno onde ficava o Colégio Odorico Tavares, aquele gigante de tijolos que formou gerações no coração da capital.
Não foi um anúncio qualquer. A notícia veio embalada em promessas de "modernização" e "novos usos para espaços ociosos". Mas entre as linhas oficiais, dá pra sentir aquele misto de saudade e curiosidade: o que vai nascer no lugar onde tantos adolescentes viveram seus dramas e descobertas?
Detalhes que pouca gente nota
O edital — desses que só jurista entende — prevê algumas exigências curiosas. Quem arrematar o espaço terá que:
- Manter pelo menos 30% da área livre (a prefeitura quer respirar)
- Preservar a fachada principal (aquela cara de colégio antigo que todo mundo fotografa)
- Apresentar projeto com contrapartida social (traduzindo: não adianta querer construir só prédio de luxo)
Ah, e tem um detalhe saboroso: parte do valor arrecadado vai para... adivinhe? Reformas em outras escolas públicas. Ironia ou justiça poética?
O pulo do gato imobiliário
Especialistas do ramo já estão coçando a barbicha. O terreno fica naquela zona de Salvador onde o metro quadrado vale mais que bitcoin em alta. Só que — e aqui vem a pegadinha — as regras do leilão limitam os tipos de negócio que podem ocupar o espaço.
"É um daqueles casos onde o dinheiro briga com a memória afetiva", comenta um corretor que prefere não se identificar. Ele tem razão: enquanto investidores veem números, ex-alunos ainda ouvem ecos de risadas nos corredores vazios.
O leilão está marcado para o último trimestre de 2025, mas a polêmica já começou. Alguns defendem que o local deveria virar um centro cultural. Outros apostam em um mix de comércio e moradia. E tem aquela turma que — entre um gole de café e outro — insiste: "Devolvam nossa escola!".
Enquanto isso, o velho colégio espera, silencioso, para ver qual será seu próximo ato nessa Salvador que não para de se reinventar.