A tentativa de transferir a gestão das históricas Thermas Antônio Carlos, em Poços de Caldas (MG), para a iniciativa privada terminou sem sucesso. A licitação, que previa um contrato de 30 anos no valor estimado de R$ 130,8 milhões, foi encerrada pela Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge) sem uma proposta válida.
Única oferta foi desclassificada por falha técnica
O certame, lançado em maio deste ano, recebeu apenas um lance. A empresária Júlia Perencin Junqueira, proprietária da cafeteria Casa do Colono que funciona dentro das Thermas, apresentou a proposta. Ela ofereceu uma outorga fixa de R$ 109.450, valor apenas R$ 141,11 acima do mínimo estipulado.
No entanto, durante a análise, a Codemge constatou que a documentação apresentada não comprovava um dos critérios técnicos exigidos no edital. A candidata recorreu da decisão, mas o recurso foi negado. Com a desclassificação, a licitação foi declarada fracassada em 25 de novembro.
Detalhes do contrato que não saiu do papel
O projeto de concessão era ambicioso e detalhado. Estes eram os principais pontos do edital:
- Valor total estimado: R$ 130.778.185,38.
- Prazo de vigência: 30 anos.
- Investimentos obrigatórios: R$ 7 milhões para reformas e restauração, sendo que R$ 6,2 milhões (88,6%) seriam aporte da própria Codemge.
- Outorga variável: Percentual anual de 3% a 5% sobre a receita bruta operacional.
A abertura das propostas, inicialmente prevista para julho, foi adiada para setembro após aprimoramentos no documento. A sessão pública ocorreu em 8 de setembro.
Próximos passos e importância histórica do local
De acordo com a Codemge, a estatal irá avaliar os próximos passos para o ano de 2026. O objetivo da concessão era encontrar um parceiro com experiência para gerir o espaço, promovê-lo turisticamente e integrá-lo a outros atrativos da cidade, melhorando a qualidade dos serviços.
As Thermas Antônio Carlos são um marco. Inauguradas em 1931, foram o primeiro estabelecimento do Brasil a oferecer uma série de tratamentos de saúde com água termal. O prédio, projetado pelo arquiteto Eduardo Pederneiras no final dos anos 1920, é uma joia da arquitetura eclética com elementos neoclássicos e faz parte do complexo do Parque José Affonso Junqueira.
Abastecidas pela Fonte Pedro Botelho, suas águas sulfurosas afloram a cerca de 45°C e são famosas por propriedades terapêuticas. O local, que passou a ser gerido pelo Governo de Minas em 2018, oferece banhos termais, tratamentos estéticos, massagens, hidroginástica e diversas outras terapias.
Agora, o futuro desta joia histórica e terapêutica de Poços de Caldas aguarda uma nova definição por parte do poder público.