Finalmente, depois de anos de espera — e muita especulação —, o sertão potiguar pode comemorar. As águas da Transposição do Rio São Francisco cruzaram a fronteira do Rio Grande do Norte sem nenhum tropeço, como um rio que teima em correr mesmo no chão mais ressecado. O governo estadual, em tom quase de alívio, confirmou: "Nem uma gota foi perdida no caminho".
Não é exagero dizer que isso muda tudo. Quem vive no semiárido sabe: água não é só um recurso, é sobrevivência. E agora, com o projeto funcionando a pleno vapor (ou melhor, a pleno fluxo), cidades como Caicó e Parelhas já começam a respirar mais aliviadas. "Parece até milagre", comentou um agricultor local, enquanto ajustava o irrigador em sua plantação de goiaba — coisa impensável há dois anos.
O que isso significa na prática?
Para além dos discursos políticos (que, convenhamos, não faltaram nesses últimos meses), os números impressionam:
- 4 municípios já recebem água regularmente
- 12 sistemas de abastecimento foram modernizados
- Previsão de expandir para 22 cidades até o fim de 2026
Mas calma, nem tudo são flores — ou melhor, cactos floridos. Alguns técnicos ouvidos pela reportagem sussurram preocupações: "Manter a estrutura sem falhas vai exigir fiscalização diária". E olha que o calor de 40°C não facilita a vida dos encanamentos...
E os próximos passos?
Enquanto isso, nos gabinetes, os planejamentos continuam. O governador Fátima Bezerra adiantou que já estão mapeando novas adutoras — "porque água parada é água desperdiçada". Já os moradores, esses preferem comemorar no presente: "Antes era caminhão-pipa, agora é torneira. Quem diria!", riu Dona Maria, 62 anos, enquanto lavava roupa na varanda.
Uma coisa é certa: o sertão nunca mais será o mesmo. Resta saber se, dessa vez, a promessa de "água para todos" vai mesmo sair do papel — ou melhor, sair dos canos.
