
O coração de Manaus parou por um instante nesta quarta-feira (31). Hamilton Bandeira — aquele homem de sorriso fácil que transformava cafezinho em conversa profunda — partiu de repente, aos 64 anos. Nada de longa doença, nada de despedidas arrastadas. Como quem fecha um livro no meio do capítulo.
Presidente da Associação Aparecida desde 2015, ele era daqueles líderes que você encontrava tanto no altar quanto ajudando a carregar caixas de donativos. "Pastor do povo", diziam uns. "Amigo antes de padre", corrigiam outros.
Um legado que vai além dos muros da igreja
Quem passou pela Aparecida nos últimos dez anos conhece a marca dele: projetos sociais que iam desde reforço escolar até oficinas de mecânica para jovens. "Não adianta falar de céu com quem tá com os pés no barro", era uma das frases que repetia nos sermões.
Na secretaria da associação, Dona Maria — que pediu pra não revelar o sobrenome — contava entre lágrimas: "Ontem mesmo ele tava aqui, brincando que o café tava fraco como oração de desatento". O velório deve acontecer ainda nesta quinta-feira (1º), mas os detalhes seguem em ajustes.
Reações que mostram o caldo do homem
- O prefeito David Almeida soltou nota chamando-o de "ponte entre o divino e o cotidiano"
- Vizinhos da Rua 10 de Julho lembravam das noites em que ele parava pra jogar conversa fora na calçada
- No grupo de WhatsApp da comunidade, memes antigos dele vestido de Papai Noel viralizaram de novo
Curioso pensar que um homem que falava tanto de eternidade deixou marcas tão concretas: a horta comunitária no bairro São Lázaro, o projeto de alfabetização de adultos, aquela campanha de doação de óculos que virou caso de saúde pública. E agora? Quem pega esse bastão?
Enquanto a cidade digere a notícia, uma coisa é certa: vai faltar aquela voz rouca cantando desafinado nos eventos da paróquia. E aquele jeito único de transformar o sermão em conversa de boteco — só que com mensagem que ficava martelando na cabeça por dias.