A Música Não Foi Uma Escolha: Como a Arte Encontrou Seu Caminho Até Mim
Quando a música escolhe o artista: uma jornada inesperada

Não foi eu quem escolheu a música. Ela simplesmente chegou — sem pedir licença, sem bater na porta. Como um vento forte que entra pela janela aberta e bagunça todos os papéis da mesa. E ficou.

Lembro-me da primeira vez, ainda criança, quando ouvi um violão sendo tocado na casa do vizinho. Aqueles acordes me atravessaram como se fossem feitos de algo mais denso que o ar. Não era só som; era um chamado. E eu, claro, não tive escolha a não ser responder.

O Início de Tudo

Os anos passaram, e o que começou como uma curiosidade virou obsessão. Enquanto meus amigos jogavam futebol, eu ficava no quarto, dedilhando cordas até os dedos doerem. Minha mãe reclamava: "Você vai ficar louco!". Talvez eu tenha ficado — mas que loucura boa.

Não foi fácil. Teve dias em que pensei em desistir (mentira, foram muitos dias). A música, quando te escolhe, não promete fama ou fortuna. Ela só exige entrega total. E cobra caro por qualquer hesitação.

O Peso e a Luz

Há quem diga que artistas são "abençoados". Não sei se é bênção ou maldição essa coisa de carregar melodias na cabeça 24 horas por dia. Já acordei no meio da noite com um refrão insistente — e tive que levantar para anotar antes que sumisse. Já perdi compromissos porque uma nova canção simplesmente não me deixava em paz até ficar pronta.

Mas quando tudo se encaixa... ah, quando as notas finalmente obedecem e a emoção transborda — não há dinheiro no mundo que pague. É como segurar um raio de sol na palma da mão: quente, brilhante e impossível de conter.

O Presente e o Futuro

Hoje, olhando para trás, vejo que nunca houve alternativa. Poderia ter tentado outros caminhos, é verdade. Mas seria como nadar contra a correnteza — cansativo e, no final, inútil.

A música me escolheu. E eu, depois de tanto resistir, finalmente aprendi a dizer sim.