
O clima estava pesado, pra dizer o mínimo. Na tarde de quarta-feira, a sala de reuniões do Ministério da Cultura parecia mais um campo minado emocional do que um espaço de diálogo. Margareth Menezes, aquela força da natureza baiana que comanda a pasta, recebia um grupo de artistas visivelmente irritados – e com razão, diga-se de passagem.
Os ânimos estavam acirrados por conta dos recentes protestos contra os cortes no orçamento da cultura. E olha, não era pouca coisa: mais de R$ 200 milhões evaporaram como fumaça, deixando todo mundo com a pulga atrás da orelha.
O que realmente aconteceu naquela sala
Margareth não fez rodeios. "A arte não pode e não será calada", disparou logo de cara, olhando nos olhos de cada um dos presentes. A frase ecoou na sala como um manifesto não escrito. Mas entre nós? Havia um misto de determinação e preocupação no ar.
Ela explicou – pausadamente, como quem tenta acalmar uma criança assustada – que os cortes foram uma medida dolorosa, porém necessária, diante do ajuste fiscal que o governo federal está implementando. "Não é o que queremos, mas é o que temos que fazer neste momento", confessou, com uma sinceridade que pegou muitos de surpresa.
Os pontos mais críticos da discussão
- Orçamento reduzido: A verba da cultura levou um tombo de mais de 20% – um baque violento para quem vive de criar
- Timing catastrófico: Os cortes vieram justamente quando o setor tentava se reerguer pós-pandemia
- Promessas não cumpridas: Artistas lembraram que o governo havia garantido prioridade ao segmento
Um dos momentos mais tensos foi quando um cineasta conhecido questionou: "Como vamos planejar qualquer projeto se o chão some debaixo dos nossos pés?". A pergunta ficou pairando no ar por bons segundos, pesada como chumbo.
E agora, José?
Margareth, pra sua credibilidade, não tentou maquiar a situação. Reconheceu que a situação é complexa e frustrante, mas fez questão de destacar que a luta continua. "Estamos buscando alternativas criativas", garantiu, mencionando parcerias com a iniciativa privada e editais específicos.
Mas será que isso basta? A sensação que ficou é que, embora a ministra tenha boa vontade, suas mãos estão parcialmente amarradas pelas decisões do Planalto. Uma daquelas situações onde o discurso político esbarra na dura realidade dos números.
No final, após quase três horas de conversas acaloradas, os artistas saíram sem muitas certezas, mas com a garantia de que têm uma aliada – ainda que limitada – dentro do governo. Resta saber se a pressão continua nas ruas ou se migra para os corredores do poder.
Uma coisa é certa: o caldeirão cultural brasileiro continua fervendo. E dessa vez, o fogo veio de dentro da própria casa.