
Eis que a poeira levantou no cenário literário do Vale do Paraíba. Milly Lacombe, aquela jornalista que nunca foge da briga, simplesmente deu para trás e cancelou sua participação na tão aguardada Feira do Livro de São José dos Campos. E olha, o motivo não foi nenhuma gripe de última hora.
Acontece que certos grupos — conservadores, digamos — resolveram fazer barulho. Reclamaram da presença dela no evento, marcado para começar nesta quinta-feira (18). Criticaram, principalmente, suas opiniões políticas, que ela espalha por aí com a subtleza de um rojão.
Não é de hoje que Milly causa reações assim. Ela é daquelas figuras públicas que você ou ama com fervor ou… bem, não ama nem um pouco. Colunista de veículos como a UOL e a CartaCapital, ela já esfregou opiniões fortes sobre basicamente tudo: política, sociedade, futebol, cultura.
E os livros? Ah, a mulher também escreve. Tem uns quatro na bagagem, misturando ficção, análise social e aquelas memórias que fazem você rir e pensar ao mesmo tempo. Seu jeito direto — alguns chamariam de provocador — é sua marca registrada.
A organização da feira, coitada, se viu no olho do furacão. Emitiu uma nota tentando acalmar os ânimos, afirmando que o evento "celebra a diversidade de pensamento" e que "o debate de ideias é seu pilar fundamental". Mas parece que não foi o suficiente.
O caso jogou gasolina numa discussão que já vinha queimando faz tempo: até onde vai o direito de discordar? E quando a discordância vira tentativa de silenciamento? De um lado, quem defende que eventos públicos não devem dar espaço a opiniões consideradas divisivas. Do outro, quem grita que calar vozes contrárias é um perigo maior que ouvi-las.
São José dos Campos, uma cidade que se orgulha de seu fervor cultural, agora se vê no centro de um debate nacional. A feira literária, que deveria ser um lugar de encontro, virou palco de desencontro.
Resta saber qual o impacto disso tudo. Será que o cancelamento de uma única palestrante — por mais famosa que seja — vai ofuscar o evento? Ou será que o burburinho só vai atrair mais curiosos? Uma coisa é certa: a ausência de Milly Lacombe, ironicamente, falará mais alto que qualquer discurso que ela poderia ter feito.