Projeto 'Eu, Preto' resgata identidade negra através do teatro em Parintins — uma revolução cultural na ilha
"Eu, Preto": teatro resgata identidade negra em Parintins

Imagine uma plateia de crianças e adolescentes com os olhos arregalados, completamente absortos numa narrativa que fala sobre suas próprias raízes. Pois é exatamente isso que está acontecendo bem agora em Parintins, onde o projeto 'Eu, Preto' decidiu plantar suas sementes de transformação.

Nada de palestras entediantes ou discursos vazios. A magia acontece através da linguagem universal do teatro, com apresentações que são verdadeiros golpes de emoção e identidade. Dois espetáculos de cair o queixo — "Baú de Histórias" e "O Cabelo de Cora" — viajam por escolas e comunidades, e olha, não é só entretenimento não. É bem mais profundo.

Mais que um espetáculo: um espelho necessário

Quantas vezes uma criança negra se vê verdadeiramente representada no palco? A pergunta, incômoda, é o que motiva toda a iniciativa. E a resposta vem em forma de narrativas que celebram heranças africanas, penteados que são coroas de resistência e histórias que ecoam os passos dos ancestrais. É visceral.

— A gente não quer só contar histórias. Queremos devolver um pedaço da identidade que muitas vezes foi soterrada pelo preconceito — comenta um dos produtores, com a voz cheia daquela convicção que só quem vive a causa realmente tem.

Onde encontrar essa revolução cultural?

A agenda é intensa e totalmente gratuita (porque cultura de qualidade tem que ser direito, não privilégio). As apresentações rolam em:

  • Escolas municipais, atingindo quem está justamente formando a própria identidade
  • Comunidades tradicionais, levando a arte para onde ela é mais necessária
  • Espaços públicos, democratizando o acesso de qualquer cidadão

E não para por aí. Depois das cortinas fechadas, rolam debates que fervem. Jovens questionando, professores se emocionando, uma troca que — tenho certeza — vai ecoar por anos na vida dessa galera.

Por que Parintins?

Pergunta besta, né? A ilha já é um caldeirão cultural fervendo há décadas, com o Boi-Bumbá no sangue. Mas mesmo nesse cenário, discussões sobre identidade negra específica ainda precisam de espaço. O projeto chega para preencher uma lacuna que nem todo mundo percebia que existia.

E o timing? Perfeito. Num Brasil que ainda debate cotidianamente racismo e representatividade, iniciativas como essa são como faróis — iluminam caminhos e mostram que a cultura é a ferramenta mais poderosa de mudança social que existe.

Quem assiste sai diferente. Algo muda no olhar, na postura, no orgulho de ser quem é. E no final das contas, é sobre isso que se trata: sobre lembrar cada jovem que sua história importa, sua cor é linda e seu lugar é em qualquer palco que quiser ocupar.