Espetáculo gratuito celebra infâncias negras em comunidades de Florianópolis
Espetáculo celebra infâncias negras em Florianópolis

Imagine um palco montado na rua, crianças correndo entre cadeiras improvisadas e aquela energia que só quem já pisou em comunidade conhece. É nesse clima que o projeto "Infâncias Negras" desembarca em Florianópolis no próximo mês — e o melhor: de graça!

Entre os dias 10 e 17 de agosto, três bairros da capital catarinense — Monte Cristo, Morro do Horácio e Tapera — vão receber essa mistura de teatro, música e bate-papo que promete mexer com a cabeça de pequenos e grandes. A trupe, que já rodou meio Brasil, chega com histórias que falam de identidade, ancestralidade e, claro, muita brincadeira.

Não é só diversão — embora tenha bastante

O diretor artístico Marcos Ribeiro — um baiano que trocou o acarajé pela farofa de siri — explica a sacada: "A gente quer que as crianças se vejam no palco. Não aquela representação caricata, mas a beleza do cotidiano negro que a TV insiste em ignorar." E olha que ele tem razão: quantas vezes você viu protagonistas infantis negros em cena sem ser como coadjuvantes?

  • Onde? Primeira parada: Centro Comunitário do Monte Cristo (10/08)
  • Quando? Sempre às 15h — horário estratégico pra pegar a galera saindo da escola
  • Quanto? Grátis, óbvio! E ainda tem oficina pós-espetáculo

Ah, e tem um detalhe que pouca gente nota: os atores moram nas próprias comunidades onde se apresentam. "Isso aqui não é caridade, é troca", dispara a atriz Karina Santos enquanto ajusta o figurino feito com retalhos doados. Ela mesma cresceu no Morro do Horácio e hoje ensina as crianças do bairro a montar seus próprios bonecos de pano.

Por que isso importa?

Num país onde estatísticas ainda mostram que crianças negras têm menos acesso a atividades culturais, iniciativas como essa são como sementes jogadas no asfalto — parecem frágeis, mas rompem o concreto. No último ano, o projeto já alcançou mais de 2 mil crianças em cinco estados, sempre com esse mesmo DNA: arte de qualidade onde menos se espera.

E pra quem acha que é "só" entretenimento, uma surpresa: as sessões sempre terminam com círculos de conversa onde os pequenos podem falar sobre o que viram — e o que sentiram. "Tem menino que descobre que pode ser artista, menina que percebe que seu cabelo crespo é lindo... São esses estilhaços que a gente planta", conta Marcos, orgulhoso do "efeito dominó" que o trabalho vem causando.

Dica anotada: chegue cedo. Na última temporada, as apresentações lotaram tão rápido que teve gente assistindo pelas janelas. E não se surpreenda se, no meio do espetáculo, alguma criança gritar "é igual na minha casa!" — é exatamente pra isso que eles trabalham.