
Não era só mais uma reunião de gabinete. Na última quarta (30), o auditório da Secretaria de Cultura de Mato Grosso parecia um formigueiro humano — e olha que o termo "lotado" aqui não é exagero. Gente de todo canto do estado, de artistas de rua a gestores de grandes centros culturais, ocuparam cada centímetro do espaço para falar o que pensam sobre o futuro da cultura local.
"A gente esperava umas 50 pessoas, no máximo", confessou um dos organizadores, ainda surpreso. No final, foram mais de 200 vozes querendo ser ouvidas — algumas até emocionadas, outras cheias de ideias que poderiam revolucionar a cena artística mato-grossense.
O que rolou de mais quente?
- Orçamento participativo: Quase uma briga (saudável) por recursos. Todo mundo quer um pedaço do bolo, mas com propostas concretas
- Lei de incentivo: Artistas independentes cobraram menos burocracia — "É mais fácil escalar o Chapada do que conseguir um edital", brincou um percussionista
- Cultura digital: Geração TikTok mostrou que museu virtual também é cultura, sim senhor!
E não foram só reclamações. Um grupo de teatro amador apresentou um projeto tão bem estruturado que até os técnicos do governo ficaram de queixo caído. "Isso aqui é nível Ministério da Cultura", murmurou uma assessora, folheando as páginas.
E agora, José?
A secretária Adriana Galvão — que anotou tudo num caderninho surrado, desses de quem realmente ouve — prometeu transformar as sugestões em ações concretas até o final do ano. "Mas não vai ser documento engavetado não, hein?", cutucou um poeta popular, arrancando risos da plateia.
O clima? Daqueles que dão esperança. Mesmo com as cadeiras duras e o ar-condicionado capenga, ninguém queria ir embora. Até um senhor de 80 anos, morador de uma comunidade quilombola, pegou o microfão: "Cultura não é luxo, é oxigênio". Palmas. Muitas palmas.