
A vida por trás dos holofotes nem sempre é feita de glória. Roberta Miranda, um dos nomes mais conhecidos da música sertaneja, acabou de revelar um capítulo angustiante de sua história pessoal que vai muito além das composições românticas. Acontece que a relação com a própria mãe era um campo minado de intolerância.
Numa conversa franca com João Kleber, ela simplesmente soltou a bomba: a mãe dela, mergulhada num fundamentalismo religioso cego, chegava ao cúmulo de orar pela morte da filha. Sim, você leu certo. Ela pedia a Deus que levasse Roberta porque não conseguia digerir a simples verdade de que a filha era bissexual.
O Peso de um Segredo
Imagina só carregar esse fardo? A artista contou que, desde muito nova, escondia quem realmente era. O medo era tanto que ela mesma se forçava a performar uma heterossexualidade que não existia, tudo para tentar ganhar uma migalha de aceitação daquela que deveria amá-la incondicionalmente.
— É uma ferida que nunca fecha direito, confessou, com uma voz que misturava resignação e uma ponta de revolta. A rejeição vinha da pessoa de quem mais se espera apoio. E isso, meu amigo, é uma facada que dói pra sempre.
Uma Fé Distorcida
O mais paradoxal de toda essa história é o uso deturpado da religião. Em vez de ser um porto seguro, a fé foi transformada num instrumento de ódio. A senhora usava suas preces não para abençoar, mas para amaldiçoar a própria carne e sangue.
Roberta não detalhou os rituais, mas deu a entender que era uma prática constante, quase um mantra de rejeição. Que tipo de amor é esse que pede a destruição do outro?
A Longa Estrada da Autoaceitação
Superar uma barreira dessa magnitude não foi trabalho de um dia. A cantora falou sobre a longa e dolorosa jornada para se aceitar, um caminho que teve que percorrer sozinha, já que a família—pelo menos a figura materna—lhe virou as costas.
Hoje, ela parece ter encontrado um lugar de paz. Mas a cicatriz ainda está lá, um lembrete permanente do preço que muitas pessoas LGBT+ pagam apenas por existirem. Sua coragem em dividir algo tão íntimo é um farol para outros que possam estar navegando no mesmo mar de preconceito.
No fim das contas, a história de Roberta Miranda é mais do que uma notícia de celebridade. É um soco no estômago que nos lembra uma verdade incômoda: às vezes, o perigo mora dentro de casa, disfarçado de oração.