
Nervos à flor da pele? Para Roberta Medina, isso é praticamente um estado permanente. A mente brilhante por trás do estrondoso The Town — sim, aquela festa colossal que parou São Paulo — vive com a sensação de que algo pode dar errado a qualquer instante. E olha, ela não esconde nada.
«É uma ansiedade que não dá trégua», confessa ela, com a honestidade de quem já viu de tudo. «A gente se prepara por meses, mas até o último segundo, é aquele frio na barriga que não passa. Parece que você está sempre à beira de um precipício.»
Filha do lendário Roberto Medina, o criador do Rock in Rio, Roberta herdou muito mais que um sobrenome. Puxou a coragem, a teimosia e aquela vontade férrea de fazer acontecer. Mas, cá entre nós, carregar um legado desses não deve ser moleza. Imagina a pressão?
Não é só um festival. É uma obsessão.
Ela fala com um brilho nos olhos — meio de cansada, meio de realizadora. Sabe quando você coloca a alma num projeto e ele simplesmente vira sua vida? Pois é. Para Roberta, o The Town deixou de ser um evento há muito tempo. Virou parte dela.
«Cada detalhe importa. Desde a chegada do público até o último acorde no palco. A gente não dorme direito, vive à base de café e esperança — mas no final, ver tudo dando certo… não tem preço que pague.»
O desafio de inovar e emocionar
Não é só juntar bandas famosas e botar num parque. Não, não é nada disso. O que Roberta e sua equipe tentam fazer — e conseguem, diga-se — é criar uma experiência. Algo que fique na memória. Que vire história.
«As pessoas querem mais que música. Querem se sentir parte de algo grande. E a gente trabalha para isso, suando a camisa — e, muitas vezes, chorando de preocupação também.»
E os perrengues? Ah, não faltam. Desde imprevistos técnicos até a famosa instabilidade do tempo brasileiro — que, como todos sabemos, pode ir de sol a tempestade em cinco minutos.
«Já aceitei que imprevisto é a única coisa certa nesse negócio. O segredo é não surtar. Respira, resolve, segue o jogo. A plateia nem imagina o caos que às vezes rola nos bastidores.»
E o futuro? Mais grandioso, é claro.
Roberta não para. Nem pode. Já está com a cabeça na próxima edição, sonhando mais alto, pensando em line-ups ainda mais surpreendentes. Ela acredita — firmemente — que o Brasil merece eventos desse calibre.
«A gente tem o público mais animado do mundo. É energia pura. E ver essa galera cantando, pulando, vivendo a música… é isso que me mantém em pé. Mesmo com o frio na barriga.»
Ela finaliza, rindo de si mesma: «No fundo, eu devo gostar dessa adrenalina toda. Quem normal escolheria viver nessa loucura?»
Pois é, Roberta. A gente agradece que você não seja muito «normal» não.