Do Quartel à Passarela: A Soldado que Sonha com a Coroa de Miss Brasil
Policial militar disputa título de Miss Brasil

Quem disse que uma mulher de farda não pode brilhar numa passarela? A cabreira Ana Paula Stangherlin, de 27 anos, está provando que dá, sim, para equilibrar a rigidez da vida militar com a leveza — e a pressão — dos concursos de beleza. E olha, a coisa não é nada simples.

Natural de Cascavel, no Paraná, essa morena de olhar determinando troca o coturno pela sandália fina e o coque militar pelos cachos soltos quando o assunto é desfilar. Ela já carrega no currículo o título de Miss Paraná, conquistado no ano passado, e agora mira um alvo ainda maior: a coroa de Miss Brasil. Imaginem só a cena!

Duas vidas, uma só mulher. De dia, Ana Paula é soldado da Polícia Militar, cumpre escala, anda de viatura e tem uma rotina regrada. À noite, e nos fins de semana, a realidade vira de cabeça para baixo: são ensaios de passarela, cuidados com a pele, dieta regrada (outra bem diferente) e estudos para as temidas provas de conhecimento dos concursos. “É como se eu vivesse duas vidas paralelas”, ela confessa, com um misto de cansaço e empolgação na voz.

O desafio de quebrar preconceitos

O caminho não é exatamente um mar de rosas. Às vezes, ela esbarra naquele olhar torto de quem acha que 'miss' e 'policial' são palavras que não combinam. Mas Ana Paula encara esses comentários de peito aberto. “Ser policial é sobre servir e proteger. Ser miss é sobre representar e inspirar. No fundo, ambas são formas de poder fazer a diferença”, reflete, com uma convicção que cala qualquer crítico.

E não pense que é só beleza. A moça é esperta pra burro. Além de soldado, ela é formada em Direito — sim, você leu direito — e não para de estudar. No concurso de miss, uma das etapas mais importantes é justamente a social, onde as candidatas precisam defender uma causa. A dela? Empoderamento feminino e segurança da mulher, claro. Quem melhor do que uma PM para falar sobre isso?

Um exemplo para outras mulheres

O que mais chama atenção na história da Ana Paula não é apenas a dualidade, mas a mensagem por trás dela: mulher pode ser o que ela quiser. Pode ser forte e delicada, prática e sonhadora, racional e emotiva. Ela não precisa escolher um lado só. “ Espero que minha jornada mostre para outras meninas que elas não precisam se encaixar em uma caixinha. Podemos ser múltiplas”, diz, com um brilho nos olhos que nem a maquiagem mais cara do mundo é capaz de reproduzir.

Enquanto se prepara para a etapa nacional, ela segue na corporação, com o apoio surpreendente dos colegas de farda. Muitos torcem por ela, acompanham os bastidores e até dão palpites nos vestidos. A vida, como sempre, segue em frente — uma na passarela, outra na rua, mas ambas com o mesmo coração battendo forte.