
Era uma daquelas manhãs cinzentas que parecem prever notícias difíceis. Marcelo Beraba, um dos nomes mais respeitados do jornalismo nacional, partiu aos 74 anos — deixando um vazio que vai muito além das redações.
Quem acompanhou sua trajetória sabe: Beraba não era apenas um repórter. Era um contador de histórias com raro talento para transformar fatos em narrativas que grudavam na memória. Começou nos anos 70, numa época em que o jornalismo cheirava a tinta de impressora e o telefone ainda era o principal aliado do repórter.
Uma vida entre linhas e deadlines
De repente, você se pega lembrando: quantas gerações cresceram lendo suas matérias? Das coberturas políticas nos tempos turbulentos da redemocratização às análises econômicas que descomplicavam o inexplicável, Beraba tinha esse dom raro — explicar sem simplificar.
Na Folha de S.Paulo, onde passou décadas, virou sinônimo de jornalismo com profundidade. Mas não pense que ficou preso ao papel. Nos últimos anos, adaptou-se às telas como comentarista, provando que bom jornalismo independe do suporte.
O legado que fica
- Mais de 50 anos de profissão
- Gerações de jornalistas influenciadas por seu trabalho
- Um jeito único de contar o Brasil
Não vou mentir — a notícia pegou todo mundo de surpresa. Apesar da idade, Beraba mantinha aquela energia característica, aquela curiosidade que nunca envelhece. Dizem que até semana passada trocava mensagens com editores, sugerindo pautas.
O velório acontece neste terça-feira (29), mas o que realmente importa já está aí: suas reportagens, seus livros, suas análises. Coisas que, diferente de nós, não envelhecem.