
Imaginem só: depois de cinco décadas roubando cenas e corações — ora como diva glamourosa, ora como matriarca de garras afiadas —, Irene Ravache finalmente enfrenta o julgamento supremo. Não da crítica especializada, mas do Congresso Nacional. A ironia? De dar nó em cérebro de roteirista.
Acontece que tramita por aí uma Proposta de Emenda à Constituição apelidada de "PEC da Vilania". A ideia, séria ou não (difícil dizer), é criminalizar interpretações de personagens moralmente… digamos, flexíveis. Leia-se: vilões.
E adivinhem quem foi parar no banco dos réus virtuais? A dama do teatro, da TV e do cinema brasileiro.
O que disse a diva?
Com a elegância de quem já enfrentou crises piores que figurino de novela das sete, Irene deu uma resposta que misturava sarcasmo fino com um olhar de 'vocês estão mesmo falando sério?'.
"Então me condenem", disparou, sem pestanejar. "São mais de cinquenta anos dedicados a representar todo tipo de humano — dos mais luminosos aos mais sombrios. Se querem criminalizar a complexidade, que comecem por mim."
Não contente, completou com uma pérola:
"Prefiro celas fictícias a uma realidade sem nuance." Arrasador.
E a internet, claro, pirou
Fãs e colegas de profissão saíram em defesa da intérprete. Nas redes, memes comparando Irene a vilões clássicos — sempre com um toque de admiração — pipocaram feito pipoca em panela de pressão.
- Marieta Severo: "Irene é a prova de que arte não cabe em lei."
- Marcos Caruso: "Se ela for presa, vou visitar toda semana. E levo um texto novo."
- Fã anônimo no X: "Prendam a Irene? Só se for por nos fazer amar personagens que deveríamos odiar."
O debate extrapolou o mundo artístico. Juristas, comunicólogos e até psicólogos entrar na dança — uns achando graça, outros horrorizados com a possibilidade real de censura disfarçada de moralidade.
E a tal PEC?
Parece mais um daqueles projetos que nascem para gerar manchete — e polêmica — do que para virar lei. Mas, convenhamos, num país onde o inusitado vira rotina, nada surpreende.
Enquanto isso, Irene Ravache segue impávida. Deve estar ensaiando seu próximo personagem. Quem sabe uma presidiária injustiçada? A vida, afinal, imita a arte — ou seria o contrário?
Uma coisa é certa: a classe artística ganhou uma bandeira inesperada. E a voz de Irene ecoou como um grito de liberdade — irônico, elegante e profundamente humano.