FLIP 2023: O festival literário que resgatou o brilho dos tempos áureos e lotou Paraty
FLIP 2023: Paraty revive era de ouro da literatura com recorde de público

Quem esteve em Paraty nos últimos dias sabe: o ar estava diferente. Não era só a brisa do mar ou o cheiro de história que emana das ruas de paralelepípedos. Era algo mais palpável — a FLIP, aquela velha conhecida dos amantes das letras, voltou com tudo. E como!

Dessa vez, nem mesmo o céu cinzento — que teimou em aparecer em alguns momentos — conseguiu apagar o brilho dos debates. As mesas? Lotadas. O público? Ávido por literatura. Os autores? No palco e nas ruas, misturados com os leitores como em poucos lugares do mundo.

O renascimento de uma tradição

Depois de alguns anos meio sem graça — vamos combinar que até a pandemia deixou tudo mais morno —, a FLIP 2023 parece ter bebido da fonte da juventude. As filas para os eventos principais davam voltas na Praça da Matriz, e olha que não era só por causa do café maravilhoso daquela barraquinha perto do cais (embora ele ajude, né?).

Os números falam por si: mais de 250 autores de 15 países, 200 atividades e um público que superou todas as expectativas. "Parece que todo mundo resolveu que este ano ia valer a pena", comentou um livreiro local enquanto arrumava uma pilha de livros que não parava de diminuir.

Debates que esquentaram (e muito!)

Se tem uma coisa que ninguém pode reclamar foi da falta de polêmica. Dois debates em especial fizeram o público ficar em pé:

  • A mesa sobre "Literatura em Tempos de Inteligência Artificial" quase pegou fogo — no bom sentido. Um escritor chegou a dizer que "ChatGPT é como um microondas: esquenta, mas não cozinha". Risos garantidos.
  • Já a discussão sobre "O Futuro do Livro Físico" teve gente defendendo papel como se fosse questão de vida ou morte. E olha que metade do público tuitava sobre isso no celular...

Fora dos palcos principais, as tendas laterais fervilhavam com conversas improvisadas. Num cantinho, um grupo discutia Machado de Assis como se o bruxo do Cosme Velho estivesse ali, ouvindo tudo. Noutro, jovens poetas recitavam versos entre um gole de cerveja e outro.

Paraty: a verdadeira estrela

Ah, a cidade! Se a FLIP é um diamante, Paraty é o colar que o exibe com orgulho. As ruas históricas — aquelas que desafiam qualquer salto alto — viraram palco para performances literárias espontâneas. Em cada esquina, uma surpresa: talvez um contador de histórias, talvez um músico tocando violão com letras de Drummond.

Os restaurantes? Lotados até depois da meia-noite, com discussões literárias que se prolongavam entre pratos de frutos do mar e taças de vinho. "É como se a cidade inteira respirasse literatura durante esses dias", suspirou uma visitante enquanto tentava escolher entre três eventos simultâneos.

E assim, entre debates acalorados, livros sendo autografados e aquela sensação gostosa de estar no lugar certo, a FLIP 2023 mostrou que ainda sabe fazer mágica. Resta saber: ano que vem tem mais? A cidade — e os leitores — já estão na expectativa.