
Quem passa pelas ruas de Belém neste período já sente no ar aquele friozinho na espinha — sinal de que o Círio de Nazaré está chegando. E não é só a cidade que se prepara: os famosos carros de promessas, verdadeiras relíquias da fé paraense, estão ganhando um trato especial.
Parece que foi ontem, mas já estamos a poucos meses da maior manifestação religiosa do Norte. E olha só o detalhe: esses veículos, que mais parecem obras de arte sobre rodas, passam por verdadeiras "cirurgias" antes de desfilar pela cidade. Será que aguentam mais uma multidão?
Mão na massa (e na chave de fenda)
Nas oficinas improvisadas — porque formalidade aqui é artigo raro —, o burburinho não para. Marceneiros, pintores e mecânicos viram uma só equipe, cada um puxando a brasa pra sua sardinha. "Tá vendo esse detalhe aqui?", pergunta um senhor de boné, apontando para uma talha dourada. "Minha avó já ajudou a fazer igual nos anos 60."
- Lataria amassada? Batida de trânsito ou devoção exagerada — ninguém sabe ao certo
- Madeira rachando pelo tempo? Cola, prego e muita fé resolvem
- Rodas capengas? "Isso aí já rodou mais que peregrino no Domingo de Ramos"
E não pense que é só questão de estética. Alguns desses carros são mais velhos que seus donos, verdadeiras cápsulas do tempo sobre eixos. "Ano passado quase perdemos o João Batista ali no meio da avenida", conta um voluntário, rindo da desgraça alheia. "O freio decidiu fazer greve bem na hora H."
Contra o relógio (e contra a ferrugem)
Com o calendário apertado — porque tempo de Círio não espera nem santo —, o trabalho corre em ritmo de romaria. Enquanto isso, nas redes sociais, os memes já pipocam: "Se meu carro falasse, pediria para virar promessa".
E você, já marcou na agenda? 12 de outubro está logo ali, e Belém promete — como sempre — transformar fé em espetáculo. Só não esqueça o guarda-chuva: milagre é uma coisa, mas o calor paraense é outra.