
Não era só mais um dia comum no calendário de Onda Verde. O ar estava carregado de algo diferente — uma mistura de fé, suor e esperança. Mais de 25 mil pessoas, cada uma com sua história, seus motivos, seus sonhos, se aglomeravam para a famosa Caminhada dos Castores, tradição que já virou marca registrada da região.
Desde as primeiras luzes do alvorecer, os peregrinos começaram a chegar. Uns de ônibus, outros a pé, muitos em caravanas familiares que transformavam a estrada num rio humano de cores e cantos. "Vim pela primeira vez ano passado e prometi que voltaria", contou Maria, 62 anos, enquanto ajustava o chapéu contra o sol inclemente. "É como se meu coração pedisse por isso."
Uma jornada que vai além dos quilômetros
Não se engane: não é simplesmente uma caminhada. É uma prova física, sim, mas principalmente espiritual. Os 18 quilômetros entre o ponto de partida e o santuário em Onda Verde são percorridos em clima de oração, com paradas estratégicas para reflexão. Alguns carregam cruzes, outros fotos de entes queridos, muitos apenas o peso silencioso de pedidos não verbalizados.
E a organização? Impecável. Havia postos de hidratação a cada 3 km, equipes médicas de plantão e até um esquema especial para idosos e pessoas com dificuldade de locomoção. "A gente se prepara o ano inteiro pra esse dia", explicou um dos voluntários, suando copiosamente enquanto distribuía água mineral. "Mas ver o sorriso no rosto deles no final? Não tem preço."
Programação que mistura fé e cultura
- 5h30 - Concentração e café da manhã comunitário
- 7h - Missa de envio com bênção aos peregrinos
- 7h30 - Início oficial da caminhada
- 12h às 14h - Chegada estimada no santuário
- 15h - Celebração eucarística de encerramento
E não pense que acaba aí. A cidade toda se envolve — comércios abrem mais cedo, moradores oferecem frutas aos caminhantes, crianças fazem cartazes de apoio. "É nosso jeito de participar", disse um comerciante local, orgulhoso. Até o clima parece cooperar, com aquela brisa suave típica do inverno paulista.
No final, quando os últimos peregrinos cruzavam o portal do santuário — alguns chorando, outros sorrindo, muitos simplesmente aliviados — ficava claro: essa não era apenas uma caminhada. Era um testemunho vivo de como tradição e comunidade podem criar algo verdadeiramente especial. E no ano que vem? Já tem gente marcando na agenda.