Bíblia e livros sagrados nas escolas do Ceará: projeto polêmico avança na Assembleia
Bíblia nas escolas: projeto avança no Ceará

Eis que a política resolveu entrar na sala de aula — e não, não é sobre partidos. Numa votação que deixou tanto entusiastas quanto críticos de cabelo em pé, os deputados cearenses deram sinal verde para um projeto que vai colocar a Bíblia e outros textos religiosos nas escolas públicas. Será que essa é mesmo a lição de casa que a educação precisava?

Na quarta-feira (7), o plenário virou um misto de culto e debate acalorado. Por um lado, defensores do projeto argumentam que "valores espirituais são tão importantes quanto matemática". Por outro, educadores torcem o nariz: "E a laicidade do Estado, hein?" — questiona uma professora que preferiu não se identificar.

O que diz o projeto?

Não é como se fossem transformar as aulas de ciências em estudo bíblico — pelo menos não oficialmente. A ideia é disponibilizar os livros nas bibliotecas, sem obrigatoriedade de uso. Mas cá entre nós: quando algo chega nas instituições públicas, sempre surge a pergunta — isso vai virar doutrinação velada?

  • Distribuição voluntária, sem custos para o Estado (as editoras religiosas bancam)
  • Inclui não só a Bíblia cristã, mas textos de outras religiões
  • Escolas terão autonomia para decidir como armazenar os materiais

Um detalhe curioso: o projeto original mencionava apenas a Bíblia. Depois do rebuliço, ampliaram para "livros sagrados" no plural. Conveniente, não? Assim fica mais difícil acusarem de favorecimento religioso.

E a Constituição?

Aqui a coisa fica espinhosa. Teoricamente, o Brasil é laico desde 1891. Na prática... bem, todo mundo sabe que religião e política sempre dançaram tango no país. Juristas ouvidos pelo G1 divergem: uns falam em "violação grave", outros defendem que "desde que não seja obrigatório, tá tudo dentro da lei".

Enquanto isso, nas redes sociais, a briga é feia. De um lado, os que chamam a iniciativa de "retrocesso medieval". Do outro, quem vê como "resgate dos valores familiares". E no meio disso tudo, os estudantes — que provavelmente só querem saber do intervalo.

O que você acha? Espaço para fé nas escolas é enriquecimento cultural ou passo perigoso? Enquanto o governador não sanciona (ou veta) a proposta, o debate promete esquentar os corredores da Assembleia — e os grupos de WhatsApp dos pais.