Pianista de Bauru Revela Amizade Íntima com Hermeto Pascoal e Legado Que Vai Sacudir a Música Brasileira
Pianista de Bauru revela amizade íntima com Hermeto Pascoal

Não é todo dia que a gente esbarra numa história que parece saída de um romance — mas é pura realidade, e das boas. Carlos dos Santos, um pianista daquelas antigas de Bauru, no interior paulista, resolveu abrir o baú das memórias e contar detalhes preciosos da sua amizade de longa data com ninguém menos que Hermeto Pascoal. E que amizade, hein?

Numa conversa que mistura respeito, admiração e um tanto de saudade, Carlos não economizou nas histórias. "A gente se conheceu nos anos 70, num tempo em que a música era feita de ouvido e de coração", lembra ele, com um brilho nos olhos que só quem viveu aquela época entende.

Do interior de São Paulo para o mundo

O caminho de Carlos não foi exatamente convencional — mas qual artista de verdade segue receita? Nascido e criado em Bauru, ele mergulhou de cabeça no forró pé-de-serra, no jazz e nas levadas regionais que formaram sua identidade musical. Mas foi o encontro com Hermeto que realmente mudou o jogo.

"Hermeto não é um músico, é um fenômeno da natureza", define Carlos, sem exagero algum. "Trabalhar com ele era como assistir a um inventor maluco criando beleza a partir do nada — de um apito de panela, do barulho da chuva, do coaxar de um sapo."

O legado que não tem preço

Mais do que técnicas ou partituras, o que Hermeto deixou em Carlos — e em tantos outros — foi uma filosofia de vida. "Doar-se ao som completamente, sem medo de parecer estranho ou diferente", reflete o pianista. "Isso é raro hoje em dia, onde tudo é tão... calculado."

E não para por aí: Carlos também destacou como essa influência ajudou a moldar não só sua carreira, mas toda uma geração de músicos que bebiam da fonte hermetiana. "A gente aprendeu que música não é só nota — é respiração, é silêncio, é o espaço entre um acorde e outro."

Bauru no mapa musical

Por incrível que pareça, essa cidade do interior conseguiu produzir e abrigar talentos que dialogaram com gigantes da música nacional. Carlos dos Santos é living proof disso. Sua trajetória mostra que não é necessário estar no eixo Rio-São Paulo para fazer algo relevante — às vezes, a genialidade brota justamente longe dos holofotes.

"Aqui a gente respira música de outro jeito", comenta ele, com a tranquilidade de quem escolheu seu lugar no mundo. "Sem pressa, sem neurose de mercado — só o essencial."

E esse essencial, definitivamente, fez toda a diferença.

Que história, não? Dá até vontade de pegar um instrumento e começar a criar — ou pelo menos ouvir Hermeto com outros ouvidos daqui pra frente.