
Parece que a cultura na região do Vale do Paraíba pegou fogo esta semana — e não foi por causa dos livros. A tal da Feira Literária que ia rolar em Taubaté simplesmente virou pó. Sumiu da programação. E o estopim? Uma postagem da escritora e colunista Milly Lacombe no X (antigo Twitter).
Não demorou nem 24 horas para os organizadores — a Prefeitura de Taubaté e o Sesc — puxarem o freio de mão. Em nota, soltaram a famosa justificativa de sempre: "diante do clima desfavorável". Quem acompanha polêmica no Brasil já sabe: quando essa frase aparece, a confusão foi grande.
Mas afinal, o que Milly Lacombe falou? A autora, conhecida por suas opiniões contundentes e pelo ativismo LGBTQIA+, comentou sobre a relação entre literatura e política — algo que, convenhamos, nunca foi mesmo terreno tranquilo. Suas palavras ecoaram rápido nas redes, e em pouco tempo ganharam contornos de debate acalorado. E não, não foi no bom sentido.
Reações não faltaram
De um lado, apoiadores da escritora viram censura pura. Do outro, críticos comemoraram o cancelamento. Nas redes, virou trending topic. No WhatsApp, então, os grupos fervilharam. Teve gente chamando de perseguição, outros de accountability. No meio, a feira, que nem aconteceu, já era.
O Sesc, em nota, disse que decidiu "não realizar o evento devido às circunstâncias". Já a prefeitura emendou que a prioridade era "preservar o caráter formativo e pacífico do evento". Mas a pergunta que ficou no ar: dá pra separar a obra do autor? A arte da opinião? O texto do contexto?
Milly Lacombe não se pronunciou publicamente após o cancelamento — ao menos não até o fechamento desta matéria. Mas a sua ausência na programação falou mais alto que qualquer discurso.
E agora, Taubaté?
A cidade, que tem tradição literária forte — é a terra de Monteiro Lobato, gente — fica sem um evento que promovia debates, oficinas e claro, muita venda de livro. Uma pena. Ou talvez não? Depende de que lado você está.
O certo é que a discussão sobre liberdade de expressão, cancelamento e espaço cultural voltou com tudo. E não parece que vai embora tão cedo.
Fica o registro — e o debate.