De vítima de bullying a mestre de capoeira: história inspiradora de superação e luta contra preconceitos
Do bullying à capoeira: trajetória inspiradora de 38 anos

Era 1987 quando um garoto magricela de 12 anos levou mais uma surra no colégio. Dessa vez, quebraram seu óculos e riscaram sua mochila com palavrões. Mas o que os valentões não sabiam? Que cada empurrão estava forjando um guerreiro.

Trinta e oito anos depois, aquele mesmo menino - agora um mestre de capoeira reconhecido nacionalmente - ri ao lembrar: "Eles me chamavam de 'frango', hoje ensino voadoras que deixariam qualquer um sem ar".

O berimbau que virou escudo

Na década de 80, encontrar uma academia de capoeira era como achar agulha no palheiro. Quando descobriu um grupo treinando num campinho poeirento, foi amor à primeira ginga. O problema? Seu professor inicial dizia que "capoeira era coisa de homem" - e ele, franzino e tímido, não se encaixava no estereótipo.

Mas aí veio o pulo do gato:

  • Treinava escondido enquanto os colegas zoavam
  • Vendia doces pra comprar corda nova quando a velha arrebentava
  • Decorava golpes vendo vídeos emprestados da locadora

Até que, numa roda de rua, aplicou uma rasteira tão perfeita que calou até os mais céticos. Foi seu batismo de fogo.

Preconceito? Na contramão da história

Hoje, com mais de 200 alunos - incluindo crianças com autismo e idosos -, o mestre desmonta mitos com a mesma facilidade que executa mortais:

  1. "Capoeira é briga?" - "É diálogo corporal, onde o mais inteligente vence, não o mais forte"
  2. "Só para homens?" - Minhas melhores alunas são mulheres que dão show na malandragem
  3. "Coisa de marginal?" - Já formei médicos, juízes e até um astrofísico que ginga melhor que dança

Num país onde o bullying ainda faz vítimas diárias, sua academia virou refúgio. Tem garoto que chega cabisbaixo e, em seis meses, tá dando aula pra turma toda - com uma autoestima que nem caberia no tatame.

E o recado dele? Simples e direto: "A vida vai te derrubar. Capoeira te ensina a cair e levantar - literalmente e no sentido figurado". Palavra de quem transformou dor em arte e preconceito em combustível.