Imagine um marceneiro italiano, chegado ao Brasil no início do século passado, que acabaria por se tornar uma peça fundamental no desenvolvimento da televisão no interior do país. Pois é, essa história não é ficção – é a trajetória real de João Simonetti, um homem que misturou madeira, tecnologia e política numa vida digna de filme.
Nascido na Itália, Simonetti desembarcou por aqui trazendo na bagagem não apenas suas ferramentas de marceneiro, mas um talento incomum para inovação. Quem diria que as mãos que trabalhavam a madeira com maestria seriam as mesmas que ajudariam a moldar as comunicações no Brasil?
De marceneiro a pioneiro das telecomunicações
O pulo do gato veio quando Simonetti começou a se interessar por rádio – na época, a grande novidade tecnológica. Não contente em apenas ouvir as transmissões, ele mergulhou de cabeça no mundo da eletrônica. E não foi nada fácil, viu? Naquele tempo, conseguir peças era um desafio e tanto.
Mas o italiano tinha jeito mesmo para essas coisas. Com paciência de ourives e criatividade de inventor, foi montando seus próprios equipamentos. Dizem que ele até reaproveitava peças de automóveis em seus projetos – coisa de maluco ou de gênio, você decide.
A amizade improvável com Getúlio
Aqui a história fica ainda mais interessante. Simonetti não era só um técnico habilidoso – tinha lá seus trunfos políticos também. Consta que mantinha uma relação próxima com ninguém menos que Getúlio Vargas. O ex-presidente, conhecido por seu olhar estratégico para as comunicações, parece ter reconhecido no italiano um talento especial.
Não se sabe exatamente como começou essa amizade, mas há relatos de que Vargas chegou a visitar a oficina do imigrante em Bauru. Imagine só: o homem mais poderoso do país, de pé numa marcenaria, discutindo sobre transmissões de rádio com um artesão italiano. Cena pra filme, não?
O legado na televisão brasileira
Quando a TV começou a chegar ao Brasil, Simonetti estava na dianteira. Sua experiência com rádio o colocou em posição privilegiada para entender e trabalhar com a nova tecnologia. Na região de Bauru, ele foi um dos primeiros a montar e consertar aparelhos de televisão – na época, verdadeiras raridades.
O interessante é que ele nunca abandonou completamente a marcenaria. Parecia gostar daquele equilíbrio entre o tradicional e o moderno. Enquanto uma parte da oficina estava cheia de serras e plainas, outra abrigava equipamentos eletrônicos que pareciam saídos de ficção científica para a época.
Hoje, quando ligamos a TV sem pensar duas vezes, vale lembrar de figuras como Simonetti – esses pioneiros que, com muita criatividade e um pé no futuro, ajudaram a construir o Brasil moderno. E pensar que tudo começou com um imigrante italiano e suas ferramentas de marceneiro...
