Casa de Farinha em Pão de Açúcar: 60 Anos de Tradição e Resistência Cultural em Alagoas
Casa de Farinha em AL: 60 Anos de Tradição e Resistência

Quem diria que um simples barracão de madeira às margens da rodovia se tornaria um verdadeiro santuário da cultura alagoana? Pois é exatamente isso que acontece há mais de 60 anos em Pão de Açúcar, onde uma casa de farinha mantém viva uma tradição que parece desafiar o próprio tempo.

O lugar – que mais parece uma máquina do tempo – funciona diariamente das 6h às 17h, mantendo um ritmo quase poético de trabalho. E olha, não é nada fácil! São cerca de 15 sacas de farinha produzidas por dia, cada uma contando uma história de resistência e amor à terra.

O Coração que Bate por Trás da Tradição

Dona Maria José da Silva, ou simplesmente Dona Mazé como é carinhosamente conhecida, é a guardiã dessa herança. Aos 72 anos, ela carrega nos olhos a sabedoria de quem viu o mundo mudar, mas nunca abandonou suas raízes. "Aqui é minha vida", diz ela, com aquela voz que mistura cansaço e orgulho. "Trabalhei muito, mas valeu cada minuto".

E não pense que é só nostalgia – o lugar pulsa vida! Os clientes vêm de todos os cantos: alguns em busca do sabor autêntico da infância, outros curiosos para conhecer de perto como se faz a verdadeira farinha de mandioca. Tem até quem faça desvio de rota só para comprar ali.

Um Ballet de Saberes Ancestrais

O processo é quase uma coreografia perfeita, cada movimento calculado por gerações. Primeiro, a mandioca é descascada – nada de máquinas, só facão e habilidade. Depois, ralada e prensada para extrair todo aquele líquido branco que guarda segredos milenares.

O ponto alto? A torra no forno a lenha, onde a farinha ganha sua personalidade única. O cheiro que invade o ar é capaz de transportar qualquer alagoano para a casa da avó. É como um abraço perfumado de tradição!

Mais que Farinha: Um Legado que Alimenta Almas

O que realmente impressiona não é apenas a qualidade do produto – que é excelente, diga-se de passagem – mas a teimosia bonita de manter viva uma tradição que muitos já deram como extinta. Enquanto o mundo corre atrás do novo, eles abraçam o antigo com um orgulho que chega a emocionar.

E não é só sobre farinha, não! É sobre memória. É sobre identidade. É sobre manter acesa a chama de uma Alagoas que não quer desaparecer no esquecimento. Cada saca vendida carrega consigo pedacinhos de história, temperados com suor e esperança.

Num Brasil que muitas vezes vira as costas para suas raízes, lugares como essa casa de farinha em Pão de Açúcar nos lembram o valor do que é genuíno. E que venham mais 60 anos – ou quantos forem necessários para que essa chama nunca se apague.