
Não é sobre chegar lá. É sobre fingir que você sempre esteve. Essa poderia ser a epígrafe do novo livro que está dando o que falar nos círculos literários — e não só por sua qualidade literária, mas pelo retrato sem maquiagem que faz da nossa obsessão coletiva por status.
O que acontece quando uma autora resolve esfregar na nossa cara os truques sujos, os atalhos duvidosos e aquelas pequenas traições que ninguém admite, mas todo mundo comete na jornada para "subir na vida"? Bom, você tem nas mãos uma bomba-relógio disfarçada de romance.
O Preço do Ingresso
"A gente troca pedaços da alma por um lugar à mesa", diz um personagem marcante. E como essa frase ecoa nos dias de hoje! Em tempos de Instagram e LinkedIn polidos até o brilho, a obra escancara o que há por trás das fotos perfeitas — suor frio, dívidas escondidas e um vazio que nem o melhor filtro consegue disfarçar.
Ah, mas não pense que é só mais um libelo contra os ricos. A sacada genial está em mostrar como o jogo é perverso para todos: os que nasceram em berço de ouro e vivem com medo de cair, os novos-ricos desesperados por aceitação, e aqueles que juram que não querem jogar... mas acabam entrando na dança mesmo assim.
Detalhes que Doem
- O capítulo sobre "festas estratégicas" — aquelas que você frequenta não por prazer, mas porque "tem que ser visto"
- A análise mordaz dos sotaques que mudam conforme o CEP do interlocutor
- Os diálogos cortantes em jantares onde ninguém fala o que realmente pensa
E o pior? Você provavelmente vai se reconhecer em pelo menos três situações descritas. É como olhar no espelho depois de uma noite mal dormida — nada gentil, mas difícil de ignorar.
Por Que Ler Agora?
Num país onde o mito do "self-made man" ainda resiste (apesar de todas as evidências em contrário), essa obra chega como um banho de água fria. Não é sobre demonizar a ambição — longe disso. Mas sobre encarar de frente os custos ocultos dessa corrida sem fim.
Será que vale a pena? A autora não dá respostas fáceis. Mas depois da última página, difícil não repensar aquela compra "para impressionar" ou aquele curso caríssimo feito mais pelo diploma que pelo conhecimento.
Uma coisa é certa: depois dessa leitura, nenhum "sucesso" de rede social vai parecer tão inocente. E talvez — só talvez — isso já seja um começo.