
Não foi um sábado qualquer em Campo Grande. Enquanto o sol poente pintava o céu de tons alaranjados, algo mágico acontecia no Santuário Perpétuo Socorro: 45 casais diziam "sim" num daqueles momentos que fazem até o mais durão soltar um suspiro.
O casamento comunitário — aquela tradição que mistura emoção com praticidade — transformou o local num verdadeiro caldeirão de sentimentos. De mãos dadas, alguns com lágrimas nos olhos, outros com sorrisos que iam de orelha a orelha, cada par tinha sua própria história para contar.
Amor que vence obstáculos
Entre os noivos, histórias pra lá de inspiradoras. Tem o casal que se conheceu na fila do SUS e esperou 12 anos por esse momento. Outros que superaram juntos a perda de emprego durante a pandemia. Até um senhor de 78 anos que finalmente realizou o sonho de oficializar a união com sua companheira de 40 anos — e olha que ele treinou por semanas para não errar o "aceito".
"A gente vê de tudo nesses eventos", conta uma das organizadoras, dona Marta, que já ajudou a realizar 27 edições. "Tem noiva que desmaia, noivo que esquece o anel, padre que troca os nomes... Mas no final, o que importa é o amor. E hoje teve muito disso."
Detalhes que fazem a diferença
- As flores — todas cultivadas por agricultores locais — perfumavam o ambiente com um mix delicado de jasmim e rosas
- O coral da terceira idade (sim, eles existem!) emocionou com versões acústicas de "Canção da América" e "Eu Te Amo"
- O bolo coletivo tinha 12 metros de comprimento — suficiente para alimentar todas as 300 pessoas presentes
E não pense que foi só festa. O evento teve peso social também. Muitos desses casais não teriam condições de bancar uma cerimônia tradicional. Alguns vieram de bairros distantes, outros economizaram por anos para comprar a aliança mais simples. Mas todos saíram de lá com o mesmo brilho no olhar.
"Quando a gente vê o sorriso deles, esquece todo o cansaço", confessa uma das voluntárias, limpando discretamente uma lágrima. "Tem coisas que dinheiro nenhum compra."
Enquanto os noivos saíam sob uma chuva de pétalas — improvisada com as sobras da decoração —, era difícil não se contagiar pela alegria. Até os fiscais da prefeitura, que foram verificar a documentação, acabaram batendo palma e tirando foto com os recém-casados.
Campo Grande provou mais uma vez: quando o assunto é celebrar o amor, a cidade sabe fazer direito. E o melhor? Sem frescura, sem ostentação. Do jeito que o povo gosta.