
Parece que a categoria de Melhor Documentário no Oscar deste ano vai dar o que falar. E não é para menos. A revista VEJA, sempre com o dedo no pulso das apostas, joga uma lança em favor de 'O Agente Secreto' (ou '20 Days in Mariupol', para os íntimos), sugerindo que ele pode, sim, surpreender e levar a estatueta para casa.
Não me entendam mal. 'Ainda Estou Aqui' ('Still: A Michael J. Fox Movie') chegou com tudo, envolto numa aura de nostalgia e admiração pelo astro de 'De Volta para o Futuro'. É emocionante, sem dúvida. Quem não se comove com a luta incansável de Fox? Mas é aí que mora o perigo.
O Peso do Momento Histórico
Enquanto um documentário nos leva de volta aos anos 80, o outro nos joga de cabeça no turbilhão do presente mais cru. 'O Agente Secreto' é um soco no estômago. Uma filmagem brutal e visceral dos primeiros vinte dias da invasão russa à cidade ucraniana de Mariupol. É cinema-verdade na sua forma mais pura e arrepiante.
Os correspondentes de guerra da Associated Press, trancados na cidade sob bombardeio constante, fizeram mais do que reportar: eles documentaram a história em tempo real. E isso, para os votantes da Academia, tem um peso específico difícil de ignorar. Será que a emoção de uma biografia supera o impacto de um registro histórico de tamanha magnitude? A VEJA acha que não.
O Jogo das Apostas e o Fator Surpresa
O artigo destaca um ponto crucial: o favoritismo inicial nem sempre se sustenta. 'Ainda Estou Aqui' voou baixo por um tempo, mas ganhou um impulso danado após levar o importante prêmio do Producers Guild of America (PGA). Um feitiço que virou contra o feiticeiro, agora colocando um alvo gigante nas suas costas.
Já 'O Agente Secreto'... bem, esse aí é aquele underdog teimoso que ninguém pode subestimar. Ele já coleciona troféus importantes, como o BAFTA de Melhor Documentário e um Pulitzer para a equipe de jornalistas que capturou essas imagens. Credenciais de sobra para causar um rebuliço na noite do Oscar.
No fim das contas, a disputa reflete um debate clássico: o Oscar premia a narrativa mais cativante ou o trabalho com o impacto social mais imediato? A VEJA joga suas fichas na força bruta da realidade. Resta saber se a Academia vai pensar da mesma forma. Uma coisa é certa: vai ser um dos momentos mais tensos da noite.