
O clima nos bastidores da televisão americana está mais pesado do que o habitual. Não é só sobre audiência ou publicidade — a coisa ficou pessoal, e profundamente política. A suspensão repentina de um conhecido programa de entrevistas reacendeu um debate antigo e perigoso: o que acontece quando o poder tenta calar o humor?
E o estopim, como era de se esperar, tem um nome: Donald Trump. O ex-presidente, que nunca escondeu sua relação conturbada com a imprensa, voltou à carga com ameaças veladas de cancelamento. Stephen Colbert, do The Late Show, já sentiu o baque. Agora, a sombra ronda Jimmy Kimmel.
Não é brincadeira: a retórica que preocupa
Trump, cá entre nós, nunca foi do tipo que leva piada para o lado bom. Suas declarações recentes, no entanto, soaram menos como birra e mais como uma cartada calculada. Ele não quer apenas reclamar; parece disposto a agir. E quando alguém com sua influência fala em "consequências", o mercado ouve — e treme.
A história com Colbert não foi um caso isolado. Foi um recado. Algo como: “vejam o que eu posso fazer”. E funcionou. A mensagem ecoou pelos corredores das grandes redes, deixando um silêncio desconfortável no ar.
E agora, Jimmy?
Jimmy Kimmel, que nunca se furtou a fazer críticas ácidas — e muitas vezes hilárias — ao ex-presidente, é o próximo na lista. Seu programa, assim como o de Colbert, mistura entretenimento com comentário político. É essa dualidade que o coloca na mira.
Mas a pergunta que fica é: até onde vai isso? A ameaça é real ou é apenas mais um capítulo da guerra midiática que define os EUA nos últimos anos? Especialistas em comunicação veem um padrão preocupante. "Não se trata mais de opinião; é intimidação pura", comenta um analista que preferiu não se identificar.
O pano de fundo, claro, é a eleição. Com a disputa presidencial se aproximando, o controle da narrativa virou moeda de troca. E os programas de late-night, assistidos por milhões, são peças-chave nesse tabuleiro.
O que está em jogo vai muito além da grade de programação. É a liberdade de ironizar, de criticar, de questionar. Quando o humor vira alvo, é sinal de que o debate público está doente. E os EUA, parece, ainda estão longe de encontrar a cura.