
Quem passa pela movimentada Estrada Dona Francisca, em Joinville, nem imagina a joia histórica que se esconde atrás das árvores. A Usina Piraí, a mais antiga de Santa Catarina, está ali, quietinha, esperando uma nova vida. E que vida!
Parece cenário de filme. A ferrugem tomou conta das enormes turbinas, e o mato vai conquistando o espaço. Mas é justamente essa atmosfera de abandono poético que dá um charme irresistível ao lugar. Sabe aquele silêncio que só lugares com história têm? É isso.
Uma viagem no tempo
Construída em 1908 — sim, você leu certo, mais de um século atrás — a usina foi a primeira a gerar energia elétrica para a região. Na época, foi uma verdadeira revolução. Imagine a cena: operários suados, o barulho ensurdecedor das máquinas, a luz chegando pela primeira vez às casas joinvilenses. Era o futuro.
Hoje, caminhar por lá é uma experiência sensorial. O cheiro de terra molhada e metal antigo. A visão dos enormes equipamentos parados no tempo. A textura áspera dos tijolos à vista. É de arrepiar.
O plano audacioso
Agora, a prefeitura quer transformar essas ruínas industriais em um parque linear. A ideia é fantástica: criar um espaço de lazer que preserve a memória, mas olhe para frente. Em vez de demolir, integrar.
Já pensou? Fazer um piquenique ao lado de uma turbina centenária? Crianças brincando onde um dia homens trabalharam duro? É exatamente essa mistura de passado e presente que torna o projeto tão especial — e tão necessário.
Claro que não será fácil. Desafios técnicos, burocráticos e financeiros existem aos montes. Mas a vontade da comunidade e o potencial turístico do lugar são combustíveis poderosos. A cidade precisa de mais verde, de mais história, de mais identidade. Esse parque pode ser tudo isso.
Joinville sempre teve um pé na indústria e outro na cultura. Esse projeto, se sair do papel, vai ser a materialização perfeita dessa dualidade. Um símbolo de que progresso e preservação podem, sim, andar de mãos dadas.
Enquanto o futuro não chega, a velha Usina Piraí segue ali. Esperando. Um monumento silencioso à ousadia de quem veio antes de nós e um convite para construirmos, juntos, o próximo capítulo dessa história.