Arquiteto da CASACOR sofre injúria racial em evento: 'Não é a primeira e nem será a última vez'
Arquiteto sofre injúria racial na CASACOR em SP

O clima que deveria ser de celebração da criatividade virou palco de mais um episódio lamentável. Durante a edição 2025 da CASACOR em São Paulo — aquela mostra que todo ano reúne o que há de mais arrojado em arquitetura e design —, um arquiteto negro foi alvo de injúria racial. E olha que ele nem estava surpreso.

"Já perdi as contas de quantas vezes isso aconteceu", soltou o profissional, que preferiu não se identificar. "A gente até tenta se blindar, mas dói igual. Dessa vez foi um visitante que achou bonito me chamar de 'macaco'. Como se eu fosse parte da decoração."

O que exatamente rolou?

Segundo relatos, o arquiteto — que trabalhava no evento — ouviu o insulto enquanto explicava detalhes de um projeto para um grupo. O agressor, um homem entre 50-60 anos, teria dito a ofensa baixinho, mas foi ouvido por várias pessoas. "Foi como levar um soco no estômago", desabafou.

O pior? Testemunhas confirmam que o indivíduo sequer percebeu o peso do que disse. "Ele ria, como se fosse uma piadinha inofensiva", contou uma colega de profissão que presenciou tudo. "Isso mostra como o racismo tá entranhado na sociedade."

E a organização?

A CASACOR emitiu nota repudiando o ocorrido e afirmou que prestou total apoio ao profissional. Mas cá entre nós — será que medidas protetivas não deveriam ser padrão em eventos desse porte? Afinal, não é novidade que ambientes elitizados costumam ser terreno fértil pra esse tipo de situação.

"Já trabalhei em feiras na Europa e nos EUA, e lá existe todo um protocolo", comentou o arquiteto. "Aqui, parece que ainda estamos nos anos 50."

Não é caso isolado

O episódio viralizou nas redes e trouxe à tona relatos parecidos de outros profissionais. Uma designer contou que já ouviu "volta pra senzala" durante um evento em Higienópolis. Um decorador relembrou ter sido seguido por seguranças "só por ser negro e estar bem vestido".

E aí? Até quando vamos normalizar isso? Enquanto uns acham "mimimi", outros carregam cicatrizes diárias. O arquiteto envolvido no caso foi categórico: "Denunciei pra que meus filhos talvez não precisem passar pelo mesmo".

O caso está nas mãos da polícia. Mas convenhamos — a verdadeira sentença deveria ser social. Num país onde 56% da população se declara preta ou parda, espaços de elite ainda são redutos de mentalidade colonial. E isso, meus amigos, é mais difícil de reformar que qualquer projeto arquitetônico.