
Era uma madrugada qualquer na BR-381, em Minas Gerais, quando agentes da PRF perceberam algo estranho. Um caminhão de carga comum — daqueles que passam despercebidos — mas com um detalhe sinistro: sons abafados de asas batendo. Não eram poucas. Eram centenas. Milhares.
Quando abriram a carroceria, a cena foi de cortar o coração: 1.400 pássaros silvestres, amontoados como mercadoria ilegal, sem água, sem espaço, sem dignidade. Araras-canindé, tucanos, cardeais — um verdadeiro tesouro da fauna brasileira, reduzido a mercadoria de contrabando.
"Parecia um pesadelo", relata agente
"Nunca vi nada igual em 15 anos de estrada", confessou um dos policiais, ainda abalado. Os animais estavam em caixas de madeira improvisadas, umas sobre as outras, algumas já sem reação. O cheiro? Insuportável. O calor? Um forno. E o pior: muitos nem chegaram a ser identificados, tamanho o estado de debilidade.
O motorista — que tentou fugir a pé pelo mato — acabou detido. Mas aqui vai um detalhe curioso: ele não era um contrabandista experiente. Errou no básico. Esqueceu de silenciar os pássaros (como se fosse possível) e escolheu uma rota com fiscalização intensiva. Amadorismo ou pressa? A polícia ainda investiga.
O que acontece agora com as aves?
- Foram levadas às pressas para o Cetas (Centro de Triagem de Animais Silvestres) em Ibirité
- Veterinários trabalharam 48 horas seguidas para estabilizar os casos mais críticos
- Cerca de 30% precisam de reabilitação prolongada — asas fraturadas, desidratação severa
- Os saudáveis serão devolvidos à natureza em áreas protegidas
E o que diz a lei? O infrator pode pegar até um ano de cadeia por maus-tratos, mais multas que ultrapassam R$ 500 mil. Mas vamos combinar: nenhuma punição parece suficiente diante da cena encontrada. "É como ver a Amazônia sendo engarrafada", disparou uma bióloga do Ibama presente no local.
Enquanto isso, nas redes sociais, o vídeo do resgate viralizou. Mostra agentes transportando as caixas com cuidado extremo — alguns até tirando a própria camisa para cobrir gaiolas. Um detalhe humano num cenário desumano. Ainda bem que, desta vez, o final foi (quase) feliz.