
Era uma manhã como qualquer outra na praia de Aracaju — até que banhistas avistaram algo inesperado: um pinguim-de-Magalhães, espécie típica de águas geladas, completamente deslocado no calor sergipano. O bicho, visivelmente debilitado, mal conseguia se mover na areia.
"Parecia um turista perdido no Caribe", brincou um morador local, antes de ligar para o Instituto Mamíferos Aquáticos (IMA). Mas a situação, na verdade, era bem triste.
O resgate
Quando a equipe chegou, o animal já estava em estado crítico — desidratado, subnutrido e com hipotermia (sim, hipotermia no Nordeste!). "Ele devia estar vagando há semanas", suspeita a bióloga Carla Marques, que participou do atendimento.
- Primeiros socorros: Hidratação intravenosa e aquecimento controlado
- Problemas identificados: Parasitas internos e lesões nas nadadeiras
- Tempo de sobrevida: Apenas 36 horas após o resgate
Por que isso acontece?
Segundo especialistas, esses pinguins — que normalmente vivem na Patagônia — às vezes se perdem durante migrações juvenis. Correntes marítimas fortes podem arrastá-los para o norte. "É como se pegassem um ônibus errado e acabassem em outro estado", compara o oceanógrafo Fábio Hazin.
Mas tem um detalhe preocupante: nos últimos 5 anos, esses casos aumentaram 40% no Nordeste. Mudanças climáticas? Poluição? Ninguém sabe ao certo — e essa incerteza é a pior parte.
O corpo do pinguim será estudado pela Universidade Federal de Sergipe. Quem sabe, nas entranhas desse azarado viajante, estejam pistas para proteger outros como ele.