Um espetáculo da natureza que parece saído de um filme de ficção científica foi capturado pelas lentes de um biólogo no litoral de São Paulo. Em Peruíbe, cidade da Baixada Santista, dezenas de lagartas desenvolveram uma estratégia de defesa coletiva que está impressionando especialistas em comportamento animal.
O fenômeno das 'lagartas-cobra'
O biólogo Felipe Bührer registrou o momento extraordinário em que as lagartas da espécie Megalopyge lanata se reúnem formando uma estrutura que se assemelha à cabeça de uma serpente. Essa ilusão de ótica é tão convincente que consegue afastar possíveis predadores que se aproximariam de um grupo de insetos vulneráveis, mas pensariam duas vezes antes de enfrentar uma 'cobra'.
Como funciona a estratégia de defesa
Segundo o especialista em lepidópteros Marcelo Duarte, do Museu de Zoologia da USP, esse comportamento é um exemplo raro de sincronia coletiva para sobrevivência. As lagartas se organizam de forma que:
- Suas cores e texturas se combinam para criar o padrão de escamas
- Os movimentos são coordenados para imitar o comportamento reptiliano
- A formação se mantém mesmo com a movimentação individual
Um achado científico valioso
O registro feito por Bührer é particularmente significativo porque documenta um comportamento pouco estudado na natureza brasileira. A pesquisadora Larissa Lima, também especialista em insetos, explica que observações como essa são cruciais para entendermos a complexidade das interações ecológicas.
'Muitas estratégias de sobrevivência no mundo animal ainda são desconhecidas pela ciência. Cada descoberta como essa revela como a natureza desenvolveu soluções engenhosas para desafios comuns', afirma Lima.
Onde e quando observar
O fenômeno foi registrado em áreas preservadas de Mata Atlântica em Peruíbe, mas especialistas alertam que encontrar esse comportamento requer paciência e sorte. As lagartas só adotam essa formação defensiva quando se sentem ameaçadas, e o momento exato da transformação é imprevisível.
Para observadores da natureza e fotógrafos de vida selvagem, a dica é manter os olhos atentos durante os meses mais quentes e úmidos, quando a atividade desses insetos tende a aumentar.